Terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Quem foi Eliane de Grammont, cantora assassinada no palco por Lindomar Castilho, seu ex-marido

A morte de Lindomar Castilho, no último sábado (20), aos 85 anos, trouxe à tona novamente o crime que chocou o país e marcou de forma definitiva a trajetória do cantor, conhecido como o “rei do bolero”. Em 30 de março de 1981, ele assassinou sua ex-mulher, a cantora Eliane de Grammont, em São Paulo.

Eliane de Grammont nasceu em 10 de agosto de 1955, filha de uma compositora, Elena de Grammont. Ela tinha 11 irmãos, a maioria deles sendo jornalista ou radialista. Uma de suas irmãs, Helena, trabalhou na TV Globo por décadas e morreu em 2023. Outro chamado Júlio foi assessor de imprensa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha presidencial de 1998 – mesmo ano em que morreu num acidente de carro.

Buscou seu caminho como cantora, mas não conseguiu ampla repercussão ou sucesso. Há uma citação ao seu nome no jornal Cidade de Santos em 28 de agosto de 1976, por exemplo, que indica sua aparição no programa Show – A Volta de Viva a Música. Na ocasião, ela lançava “sua primeira gravação: Amélia de Você”, provavelmente a canção que ficou popular na voz de Ângela Maria.

À ocasião de sua morte, diversos jornais destacavam que Eliane de Grammont lançou um disco pela gravadora RCA (local onde conheceu Lindomar Castilho), mas pouco se falou sobre a obra. Tratava-se de um compacto lançado em 1977 com duas músicas: Espere Um Pouco Mais e Coisas Bobas.

Relação abusiva

Relatos da família indicavam que a cantora teria sido obrigada a parar de se apresentar por Lindomar Castilho. Sua carreira acabou sendo interrompida durante o período em que estiveram juntos. Ela tentava retomar o caminho da música, e morreu justamente enquanto cantava na boate Bélle Époque, em São Paulo. Ela foi atingida por tiros disparados por seu ex-marido, Lindomar Castilho, cantor de renome.

Segundo o irmão de Eliane, Júlio de Grammont, à época do crime o casal já estava separado há cerca de um ano e dois meses. Porém, a homologação do desquite havia sido oficializada na semana anterior à do crime. A guarda de Liliane, única filha da cantora, então com 14 meses, ficou com uma das irmãs da vítima.

Sua morte foi considerada um marco para a popularização de ideias feministas no Brasil no início dos anos 1980. No túmulo em que foi enterrada, constava ao lado de seu nome a inscrição: “O amor não fere, o amor não silencia, o amor não mata!”.

Ela foi homenageada em uma via próxima ao Memorial da América Latina, na região da Barra Funda, em São Paulo. O local recebeu o nome de Rua Eliane Aparecida de Grammont em dezembro de 1981. Em 9 de março de 1990, foi inaugurada na capital a Casa Eliane de Grammont, considerado o primeiro serviço municipal de atendimento integral a mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil.

Feminicídio

Durante o julgamento, Lindomar Castilho utilizou a tese de “legítima defesa da honra”. Passou cerca de 27 dias na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, antes de ter recebido seu alvará de soltura com base na Lei Fleury. Em 1984, foi julgado e condenado a 12 anos e dois meses de prisão. Cumpriu cerca de sete anos no regime fechado, e o restante da pena no semiaberto.

“Lindomar foi condenado no mais rumoroso julgamento popular realizado em São Paulo, durante o qual grupos de feministas e de machões se defrontaram diante do tribunal, com cartazes de protesto, gritos de slogans, xingamentos e também batalhas de ovos e sacos plásticos cheios de água. Quase uma guerra campal, evitada em cima da hora pela polícia”, consta em revista Manchete publicada à época. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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