Quinta-feira, 26 de junho de 2025

Quem vai pagar a conta?

As decisões do Congresso brasileiro que nós trabalhadores temos assistido nos últimos anos é chocante. Para dizer o mínimo.

O aumento do número de cadeiras no parlamento não beira ao absurdo. É um absurdo. Mais. Oportunista, interesseira e imoral. Num país com tantas necessidades primárias da população ainda precárias em temas vitais como educação, saúde e segurança ampliar o número de cadeiras impacta no bolso de todos nós e só beneficia essa maioria que lá está sentado legislando ou se beneficiando em causa própria ampliando seus salários, benefícios, aprovando emendas de interesse duvidoso.

Pior, decidiram sem observar os fundamentos básicos de um regime democrático, como ouvir a população e colocar o impacto disso com transparência. Fazem isso numa velocidade incrível. Claro, é do interesse corporativo ou dos mais favorecidos economicamente. Quando se trata de preservar direitos e conquistas de trabalhadores, são igualmente rápidos.

Para nos penalizar. Nos últimos anos, foi isso que aconteceu. Não tem como esquecer. Esse congresso aprovou diversas medidas que foram muito prejudiciais, começando pela Reforma Trabalhista de 2017, que flexibilizou diversos direitos, como a prevalência de acordos individuais sobre a legislação, a terceirização irrestrita e a redução do contrato de trabalho intermitente.

Na área da previdência, as reformas dificultaram o acesso aos mesmos, com o aumento da idade mínima para aposentadoria e a diminuição dos valores. Na área de representação de trabalhadores, fizeram o que a elite “apoiadora” desejava: desmantelar o movimento sindical com vários objetivos, entre eles diminuir as conquistas e, indiretamente, retomar o determinismo social desejado pela mesma.
Alguém poderá dizer: aumentou pouco.

De 513 para 531 parlamentares. Não é bem assim. Um levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast deixou claro, que o efeito cascata dessa aprovação significa a criação de 30 novas vagas de deputados estaduais, custarão mais de R$ 76 milhões por ano para os Estados-somado ao gasto extra de R$ 64,8 milhões da Câmara, o impacto total da proposta ultrapassa os R$ 140 milhões anuais.

O levantamento considerou portais de transparência de cada Legislativo estadual para calcular o custo de um deputado, considerando salário, cota parlamentar, auxílios e verba destinada ao pagamento de salários para os assessores do gabinete. A conta será bem cara, uma vez que as novas cadeiras valeriam somente a partir da eleição de 2026. No entanto, os salários e benefícios podem ser reajustados até lá.

Não podemos esquecer, também, que a maioria desse mesmo parlamento é contra a taxação dos mais ricos e deita e rola na liberação de emendas que nesse ano já chegou a R$ 1,72 bilhão. Ao mesmo tempo, penaliza os menos favorecidos via tributos de consumo e a classe média com o Leão do Imposto de Renda.

Renovo minha proposição para que nós trabalhadores façamos a necessária reflexão nas eleições do próximo ano: vamos continuar elegendo e dando poder para aqueles que só mandam a conta pra gente pagar ? Elegendo personagens tipo Amigo da Onça ? Ou vamos continuar nos satisfazendo com outro dito popular: “ a corda sempre arrebenta do lado mais fraco”. Tá na hora de acordarmos.

*Gelson Santana, presidente do STICC e Secretário Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, Construção Pesada e em Montagem Industrial- UGT

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