Sábado, 27 de julho de 2024

Querosene de aviação sobe quase 7,3% no Brasil na primeira semana de novembro

Após fazer alarde sobre cortes no preço do querosene de aviação (QAV) durante a campanha do primeiro turno das eleições, a Petrobras silenciou sobre aumento no combustível durante o período próximo à votação do segundo turno. A alta foi de 7,27% na primeira semana de novembro, conforme divulgado nesta sexta-feira (4) pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Também de acordo com a entidade, que reúne as principais clientes do produto, no acumulado desde janeiro o aumento é de 58,8%.

O QAV tem reajuste mensal. Até as eleições, as companhias aéreas vinham sendo informadas dos índices ao fim de cada mês, sem que a Petrobras divulgasse as mudanças ao mercado ou à imprensa.

Mas no final de agosto, já em meio à campanha eleitoral, a estatal passou a divulgar comunicados sobre esse e outros produtos voltados ao mercado corporativo, como o asfalto. A mudança de estratégia em um período de queda nos preços foi vista como ação eleitoral.

Em 26 de agosto houve corte de 10,4% e no dia 28 de setembro (às vésperas da votação em primeiro turno), a Petrobras voltou a divulgar comunicado sobre corte no preço do combustível de aviação, desta vez em 0,98%. Nos dois casos, a empresa disse estar acompanhando a queda das cotações internacionais.

Se mantivesse a mesma política de divulgação, teria publicado um informe com a alta de 7,27% na véspera da votação em segundo turno. Mas recuou: o aumento foi informado somente às companhias aéreas.

“O reajuste no preço do QAV mantém um cenário extremamente difícil para as empresas aéreas e é um tema de constante preocupação para nós e para todo o setor, pois representa quase metade dos custos da operação”, ressalta o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

“É urgente a revisão do modelo de precificação do QAV, pois 90% do combustível é produzido aqui, mas pagamos o preço de um produto importado”, completou, na nota divulgada nesta quinta pelas companhias aéreas.

Contexto

O cenário atual de intensa volatilidade ainda traz muitos desafios para a aviação brasileira. Além do QAV, a cotação do dólar também impacta os resultados das empresas, indexando cerca de 50% dos custos do setor.

A estatal é acusada também de segurar preços da gasolina e do diesel para não impactar negativamente a campanha de Bolsonaro. A última mudança no preço da gasolina ocorreu no início de setembro, com corte de 7%. O preço do diesel foi alterado pela última vez no dia 19 daquele mês, com corte de 5,8%.

Desde então, as cotações do petróleo dispararam, mas a direção da empresa cedeu a pressão do governo para evitar repasses.

Em entrevista sobre o balanço da estatal nesta sexta, o diretor de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, repetiu que a política de preços prevê o acompanhamento do mercado internacional, mas sem repassar volatilidades ao mercado interno. Ele também disse que não pode antecipar quando a empresa fará novos ajustes nos preços.

Conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço média da gasolina nas refinarias da estatal está 6%, ou R$ 0,20 por litro, abaixo da paridade de importação. No caso do diesel, a defasagem é de 9%, ou R$ 0,49 por litro.

No fim da noite desta sexta-feira, após cobranças por veículos da imprensa, a Petrobras decidiu divulgar o aumento do combustível de aviação. O texto confirma o percentual de reajuste e diz que a alta ocorre após três quedas consecutivas. Salienta, ainda, que o preço do QAV acompanha as cotações internacionais, para cima e para baixo, com ajustes mensais. A nota foi divulgada quatro dias após atualização dos preços no site de estatal.

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