Domingo, 09 de novembro de 2025

Radicais do clima desafiam autoridades na Alemanha

Durante a campanha para eleições gerais em 2021, o então candidato Olaf Scholz prometeu ser “o chanceler da causa climática”. O social-democrata venceu, porém, o acerto de coligação entre seu partido, os Verdes e os Liberais Livres para que ele pudesse governar tinha outras prioridades. O cenário se agravou mais ainda com a eclosão da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, com a Rússia fechando a torneira do gás barato que vendia havia décadas à Europa, o que levou à reabertura de usinas termelétricas a carvão. Com as metas climáticas do país jogadas para escanteio, ganhou força um movimento ambientalista radical incipiente no país que resolveu adotar medidas mais drásticas para se fazer ouvir e chamar a atenção da sociedade.

Ativistas do grupo Ultima Geração, fundado em 2021, tomaram espaço nas ruas, bloqueando alamedas na hora do rush, pichando lugares emblemáticos que garantem alta visibilidade — como o Portão de Brandemburgo ou o Relógio da Hora Mundial em Alexanderplatz, ambos em Berlim. Eles colam as mãos no asfalto ou a estruturas sobre rodovias com Super Bonder. Com essas táticas, entretanto, além da atenção, atraem também a ira de muitos. A imprensa e na classe política rotulam o movimento de “extremista”, e seus integrantes já foram apelidados de KlimaKleber (algo como “coladores do clima”).

Mudança no sistema

A maior mobilização pública pelo clima iniciou-se em 2018 com o movimento Fridays for Future (Sextas-Feiras pelo Futuro), que ganhou protagonismo mundial com o ativismo da adolescente sueca Greta Thunberg, levando a uma greve geral por medidas contra as mudanças climáticas em 19 de março de 2019, que reuniu cerca de um milhão de pessoas em 125 países. A lentidão na ação governamental, na visão dos ativistas, e a reviravolta ocorrida na Alemanha nos últimos tempos, no entanto, atiçou um novo radicalismo ambiental.

“Continuaremos até que haja uma mudança de sistema”, disse o porta-voz do grupo, Theodor Scharr. “O governo não consegue nem mesmo implementar medidas simples como o limite de velocidade de 100 km/h nas rodovias, medidas que têm apoio da maioria da população. Um primeiro passo para essa virada política seria um plano concreto de como conseguiremos extinguir a indústria do carvão, gás e petróleo até 2030.”

Aos 32 anos, Scharr se mostra sereno e focado, enquanto delineia motivos por que largou sua vida confortável numa cidade vizinha a Berlim para se transferir à luta no asfalto. Para ele, a questão climática é também uma questão de justiça social entre ricos e pobres, e entre o Norte e o Sul Global.

As críticas do grupo ao que entende por inatividade do governo federal são corroboradas pelo Conselho Alemão para o Desenvolvimento Sustentável (ERK, na sigla em alemão), que indicou uma equipe de cinco especialistas para avaliar as medidas adotadas pelas autoridades com o objetivo de atingir a neutralidade na emissão de gases de efeito estufa, a principal meta do Acordo de Paris de 2015.

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