Sexta-feira, 04 de julho de 2025

Rede estadual de ensino segue com aulas suspensas em cidades alagadas

Com boa parte das aulas ainda suspensas, risco à aprendizagem e crianças e professores abalados, a rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul parece estar de volta a 2020, quando a pandemia da covid fechou salas em todo País.

O panorama, no entanto, é o registrado atualmente, após uma enchente histórica atingir o Estado e afetar pelo menos 378 mil alunos só na rede estadual, deixando parte desta geração mais uma vez sem acesso à educação, como na época da covid.

Dados da secretaria estadual de Educação mostram que, das 2.338 escolas da rede, 1.059 foram afetadas de alguma forma em 248 municípios gaúchos. Os impactos incluem de danos à estrutura da escola até problemas de transporte e acesso, e ainda unidades que estão servindo de abrigo para desalojados.

Nesse contexto, autoridades correm para tentar promover alternativas de reorganização da rede que vão desde remanejamento de estudantes para outras escolas até instalação de antenas de internet e ampliação do ensino híbrido, que foi uma das ferramentas usadas na pandemia.

Na última terça-feira (14), o Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial da União uma decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE) que permite a flexibilização do calendário escolar no Rio Grande do Sul.

Com isso, as escolas não serão mais obrigadas a cumprir mínimo de dias letivos desde que cumpram a carga horária prevista para cada uma das etapas de ensino. O MEC também abriu crédito extraordinário de R$ 46,1 milhões para ações de reforma de escolas e R$ 25,8 milhões para a alimentação escolar.

A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, afirma que não é possível estabelecer uma data única para a volta às aulas. Segundo ela, as escolas retomarão as atividades de acordo com a situação particular de cada unidade que teve aulas perdidas.

O cronograma incerto e o fato de muitas famílias ainda terem perdido tudo trazem preocupação a respeito da possibilidade de aumento da evasão escolar, sobretudo em uma situação na qual a busca de estudantes por parte do poder público pode ser prejudicada em um contexto de grande número de desalojados vivendo em abrigos ou mudando de cidades.

“A gente tem transmitido muita confiança. Mas eu já conversei com gente de Roca Sales que fala: ‘Não aguento mais perder tudo pela terceira ou quarta vez. Estou indo embora’. Não tem como impedir”, explica a secretária de Educação. “Na pandemia, usamos muito o processo de busca ativa. Só que a busca ativa tradicional não funciona nesse caso, porque antes você ligava para aluno, mandava mensagem, ia na casa dele, você tem endereço, telefone. Agora, a gente não tem.”

O governo estadual pretende instalar novas antenas de internet e ampliar a criação de pontos focais de educação, onde alunos e professores da rede poderiam acessar conteúdos online.

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