Segunda-feira, 29 de setembro de 2025

“Redução de penas não satisfaz Bolsonaro”, diz Tarcísio após visita em prisão domiciliar

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esteve nesta segunda-feira (29) no condomínio onde Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, em Brasília, no primeiro encontro entre os dois desde a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por participação na trama golpista.

Após reunião, Tarcísio disse que a proposta de redução de penas de envolvidos no 8 de janeiro e na trama golpista, costurada por líderes partidários no Congresso, não “satisfaz” Bolsonaro.

Questionado, Tarcísio disse que o tema específico da “anistia” não foi tratado no encontro, mas deixou claro o recado político.

“Não conversamos sobre isso (a anistia). Minha posição é de defesa da anistia, acredito na paz dialogada e já foi usada em outros momentos. Podemos citar a anistia de 1979, da recepção no texto constitucional, do artigo quinto que trata sobre anistia e indulto. (A redução de penas) não satisfaz o presidente”, declarou.

A mensagem é a mesma que aliados do ex-presidente têm repetido: qualquer tentativa de acordo por uma “anistia parcial” ou um projeto de dosimetria ocorre à revelia da família Bolsonaro, que insiste na narrativa de perseguição judicial.

O almoço, acompanhado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e pelo vereador de Balneário Camboriú Jair Renan, foi apresentado como um gesto de amizade e solidariedade, mas acabou ganhando contornos políticos: críticas ao Supremo Tribunal Federa e reafirmação da aliança da direita para 2026.

“Sou candidato à reeleição em 2026, em São Paulo. Vim visitar um amigo, que foi importante na minha trajetória. O (ex-)presidente está passando por um momento difícil. É muito triste. A gente conversando e ele soluçando o tempo todo”, disse, relatando as dificuldades de Bolsonaro, que ainda sofre as consequências de cirurgias e do atentado a faca de 2018.

Entre parte dos aliados, há o entendimento de que o governador tem se recolhido propositalmente. O intuito seria passar um tempo fora dos holofotes como pré-candidato e, mais para frente, retomar o projeto.

Flávio, por sua vez, buscou amarrar a mensagem de unidade no campo da direita.

“Independentemente de como as coisas vão transcorrer daqui para frente, eu, Tarcísio e os partidos de centro-direita estaremos juntos em 2026 para recolocar o Brasil nos trilhos a partir de 2027. O presidente sempre poderá contar conosco, no momento bom ou no momento ruim”. afirmou.

Flávio disse ainda esperar que a presidência de Edson Fachin no STF possa mudar os rumos da Corte.

“Passada a condenação do presidente Bolsonaro, o Supremo deve abandonar o ativismo e os excessos. O ministro Fachin assume agora a presidência da Corte e espero que tenha a sabedoria de conduzir o tribunal com a autocontenção que sempre pedimos, mas nunca vimos acontecer. Bolsonaro está preso sem sequer ter sido denunciado e, mesmo com o prazo já vencido, não houve resposta sobre suas medidas cautelares”, afirmou o senador.

O gesto de Tarcísio ocorre em meio à expectativa de aliados sobre como ele vai se posicionar sobre o bloqueio à anistia ampla no Congresso. Há duas semanas, ele vinha costurando a aprovação da urgência do projeto, mas não tem se envolvido nas discussões sobre o mérito. O relator, Paulinho da Força, tem se queixado que o governador não estaria o atendendo.

 

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