Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de julho de 2023
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) encaminhou ao Ministério da Educação (MEC) uma proposta para alterar a forma como ocorre a escolha dos dirigentes das instituições de ensino. A entidade, que representa os reitores das universidades federais, quer o fim da lista tríplice enviada ao governo para selecionar os gestores. A proposta prevê que só os nomes dos candidatos que venceram a eleição na comunidade acadêmica sejam encaminhados.
A escolha é feita em etapas. Primeiramente, a comunidade acadêmica faz eleição interna, em que participam professores, funcionários e alunos, com diferentes pesos de voto. Depois, é enviada ao Executivo uma lista tríplice, com os nomes mais votados. Pela lei, o presidente é quem escolhe um deles.
De acordo com a Andifes, desde as décadas de 80 e 90, tornou-se um hábito o presidente escolher o primeiro colocado da lista tríplice. Na gestão passada, de Jair Bolsonaro (PL), no entanto, rompeu-se com a prática. De 69 dirigentes nomeados pelo ex-presidente, 21 estavam no 2.º ou no 3.º lugar da lista.
Em alguns casos, a escolha privilegiou nomes que fossem menos desalinhados com as ideias do governo. Alguns dos selecionados por Bolsonaro nem sequer tinham ligação com o grupo político do presidente, mas se aproximaram ao ver a nova tendência. Na visão dos dirigentes, a decisão de não seguir a vontade da comunidade acadêmica desrespeita a autonomia universitária. Houve casos, como o da Federal do Ceará (UFC), em que o escolhido teve 4,6% dos votos. Também se menciona potencial de conflitos internos.
Legislativo
A alteração do formato precisa ser feita via Legislativo. Por isso, os reitores articulam com o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), que relata projeto de lei que inclui a questão da escolha dos reitores. A ideia de privilegiar o primeiro colocado tem o apoio do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), que já se manifestou publicamente sobre o assunto.
“O sistema da lista tríplice nos últimos anos, no último governo em particular, se mostrou tremendamente problemático, inclusive para as comunidades e para algumas gestões”, afirma o presidente da Andifes, Ricardo Fonseca.
O texto também foi apresentado ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.