Por Redação do Jornal O Sul | 27 de setembro de 2025
O deputado Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG), relator da representação contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Câmara, afirmou que vai “trabalhar com a imparcialidade necessária”, mesmo sendo apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eventual manifestação de apoio ou não ao então presidente Jair Bolsonaro, em hipótese alguma, vai gerar suspeição ou impedimento do processo”, disse Freitas. Ainda segundo o parlamentar, ele pretende acelerar a tramitação do processo. “Pretendemos concluir o processo no Conselho de Ética de maneira célere. É uma deliberação do nosso presidente (da Câmara) Hugo Motta (Republicanos-PB).”
Freitas foi escolhido pelo presidente do Conselho de Ética, Fabio Schiochet (União Brasil-SC), para ser o relator do caso de Eduardo. O anúncio da escolha foi feito durante entrevista à Rádio Eldorado, do Grupo Estado. Freitas disse que pretende concluir o processo, “no mais tardar”, até o começo de dezembro.
O deputado do União Brasil foi vice-líder do governo Bolsonaro, quando ainda era filiado ao PSL. Recentemente, ele votou a favor a proposta de emenda à Constituição (PEC) que dificulta a responsabilização criminal de parlamentares – a PEC da Blindagem –, do projeto de anistia aos condenados por atos golpistas e da sustação da ação penal contra a deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) – acusado de tentativa de golpe – e se posicionou contra a prisão de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
Em discursos no plenário da Câmara, Freitas já disse que há uma “perseguição” do Supremo Tribunal Federal (STF) a Bolsonaro e que o ministro Alexandre de Moraes “rasga diariamente” a Constituição.
Prazo
O presidente do Conselho de Ética estima que o relatório do processo que pode cassar o mandato de Eduardo seja votado até o fim do ano. “A gente não pode atropelar o rito do processo. Quando se fala em 40 dias, acho muito precoce a data. Mas imagino que consigamos terminar até o final do período legislativo deste ano. No final de novembro, começo de dezembro, vamos conseguir votar esse relatório do deputado Marcelo Freitas”, disse Schiochet à CNN Brasil.
Há quatro processos contra o filho do ex-presidente em tramitação no Conselho de Ética. O processo escolhido para tramitar é de autoria do PT e afirma que Eduardo atentou contra a soberania nacional e as instituições democráticas quando decidiu ir para os Estados Unidos durante licença parlamentar. O deputado, que defende uma anistia a seu pai, tem atuado nos Estados Unidos por sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras.
Lista
Na terça-feira, a lista tríplice para a escolha do relator do caso foi sorteada. Freitas foi escolhido pelo presidente do colegiado, que descartou os nomes de Paulo Lemos (PSOL-AP) e Duda Salabert (PDT-MG). Schiochet disse que escolha foi baseada na experiência de Freitas, delegado licenciado da Polícia Federal. “Tenho certeza de que ele vai fazer isso (o relatório) com muita imparcialidade”, declarou.
Questionado sobre a proximidade do relator com a família Bolsonaro, Schiochet reafirmou a imparcialidade de Freitas. O deputado do União Brasil já chamou Eduardo de “amigo” em vídeo em 2019. (Com informações de O Estado de S.Paulo)
