Quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Relatos de abusos sexuais de netas e filha de Flordelis, que dizem ter sido vítimas de pastor assassinado, serão usados em júri da ex-deputada

Relatos de abusos sexuais que teriam sido cometidos pelo pastor Anderson do Carmo serão levados pela defesa de Flordelis dos Santos de Souza ao seu julgamento, marcado para 6 de junho. A pastora é acusada de ser a mandante da morte de Anderson, seu marido.

Duas netas e uma filha da ex-deputada, que afirmam ter sido vítimas do pastor, darão seus relatos durante o júri. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, elas revelam detalhes dos episódios. As três foram convocadas a depor pelos advogados de Flordelis, que também defendem dois dos filhos da pastora, André Luiz e Marzy Teixeira, além da neta Rayane dos Santos.

As duas netas que acusam o pastor — Rafaela dos Santos Oliveira, de 21 anos, e Lorrane dos Santos Oliveira, de 26 — são filhas de André Luiz e de Simone dos Santos Rodrigues, que confessou ter planejado a morte de Anderson após o padrasto ter abusado dela. Ambos estão presos e vão a julgamento no próximo mês.

Rafaela afirma ter sido estuprada por Anderson há cerca de cinco anos, quando ainda era menor de idade, enquanto dormia na casa da família em Niterói. A jovem relata que acordou com o avô tocando suas partes íntimas, e afirma que ele introduziu o dedo em sua vagina. Rafaela diz que, por ter o sono muito pesado, não sabe ao certo tudo o que Anderson fez.

“Não sei o que ele fez comigo enquanto eu estava dormindo. Estava de short largo e lembro da mão dele nas minhas partes íntimas. Acordei e a cama estava meio molhada, mas não sei exatamente o que aconteceu.”

Ainda de acordo com Rafaela, Anderson foi surpreendido pela mãe dela, Simone, que não chegou a ver o que o padrasto fazia, mas o flagrou sentado na cama da filha. A jovem afirma que não teve coragem de contar para a mãe o que teria acontecido.

Rafaela conta que começou a sofrer retaliações de Anderson e que, a partir de então, passou a notar o comportamento do pastor com outras jovens da casa. Ela diz que não contou sobre o episódio para ninguém — incluindo os pais e a avó, Flordelis — até a morte do avô. Após o crime, revelou o que teria acontecido. Sobre o fato de não ter exposto o caso publicamente ou à polícia até hoje, Rafaela alega que não conseguia falar sobre o episódio.

“Sempre falei para minha avó que eu não queria que fosse exposto (o abuso). Mas começaram a criar uma imagem dele (Anderson), de que era um cara ótimo, protetor da família, que minha avó castigava todo mundo e ele era um herói”, afirma.

Hipótese

Apesar de Rafaela afirmar só ter contado para a família sobre o episódio após a morte de Anderson, a hipótese de abusos na casa foi levantada pelo filho de Flordelis, Flávio dos Santos Rodrigues, ao confessar o crime. Em depoimento à Delegacia de Homicídios de Niterói três dias após o crime, ele disse ter ficado com ódio após saber por Simone que o pastor tinha passado a mão nela e em uma de suas sobrinhas — Rafaela ou Lorrane — enquanto dormiam.

Também em entrevista ao Globo, Lorrane, irmã de Rafaela, afirmou ter sido vítima do avô. Segundo a jovem, Anderson colocava a mão em sua perna quando ela andava de carro com o avô, fazia elogios que a constrangiam e chegou a presenciá-lo se masturbando enquanto assistia a um filme pornô:

“Ele (Anderson) colocava a mão na minha lombar, perto da minha bunda, e dizia que eu era branquinha linda. Também colocava a mão na minha perna quando estávamos indo para a igreja. Um domingo entrei no quarto dele, e ele estava se masturbando. O banheiro de cima não tinha água, só no dele. E entrei no banheiro dele para tomar banho. Quando saí, ele estava se masturbando e me chamando de minha branquinha.”

Lorrane afirma ainda que Rayane, que também é sua irmã, teria sido estuprada pelo pastor no apartamento funcional de Flordelis em Brasília. O relato deve ser dado pela acusada em seu interrogatório. Em seu último depoimento à Justiça, Rayane optou por ficar em silêncio.

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