Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Renda do filho do “Careca do INSS” aumentou 63 vezes, diz a Polícia Federal

Com um aumento de 63 vezes em sua renda mensal em um intervalo de poucos meses, o filho do conhecido como “Careca do INSS”, Romeu Antunes Carvalho, tornou-se um dos principais alvos da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desSa quinta-feira (18). Segundo os investigadores, os ganhos de Romeu teriam saltado de R$ 1,6 mil para R$ 107,6 mil entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, crescimento considerado incompatível com sua trajetória profissional até então e que coincidiu com sua entrada em empresas ligadas ao pai.

Romeu foi preso nesta nova etapa da operação, que investiga um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Seu pai, Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, já havia sido preso em setembro do ano passado.

De acordo com a Polícia Federal, no fim de 2023 Romeu passou a integrar diretamente empresas vinculadas ao pai, tornando-se sócio formal de ao menos quatro negócios e participando de forma indireta de outros três. Para os investigadores, essas empresas eram utilizadas para a movimentação de recursos provenientes das fraudes e para o repasse de valores a pessoas e entidades ligadas a servidores do INSS.

A PF sustenta que o crescimento expressivo da renda de Romeu ocorreu justamente no período em que ele passou a integrar essas sociedades empresariais, o que reforça a suspeita de que os valores recebidos estariam relacionados ao esquema investigado.

Além da prisão de Romeu Carvalho Antunes, esta fase da operação teve como alvos:

* o senador Weverton (PDT-MA), que foi alvo de mandados de busca e apreensão;

* o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, afastado do cargo e submetido à prisão domiciliar — ele é ex-chefe de gabinete do senador Weverton;

* Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis, que também foi preso.

O esquema investigado veio a público em 23 de abril, com a primeira fase da Operação Sem Desconto. Segundo as apurações, os suspeitos cobravam mensalidades irregulares de aposentados e pensionistas, com valores descontados diretamente dos benefícios sem autorização dos titulares.

O modelo da fraude consistia em registrar os beneficiários como supostos membros de associações de aposentados, permitindo descontos mensais automáticos, embora eles não tivessem se associado nem autorizado qualquer cobrança.

À época, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, informou que as associações envolvidas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica e descontos em academias e planos de saúde, mas não possuíam estrutura para prestar tais serviços. Ao todo, 11 entidades foram alvo de medidas judiciais, e os contratos de aposentados e pensionistas com essas associações foram suspensos.

A investigação provocou uma crise no Ministério da Previdência, levando à saída do então ministro Carlos Lupi (PDT), que pediu demissão. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que ocupava o cargo de secretário-executivo e assumiu como titular da pasta.

Em julho, o governo anunciou a devolução dos valores descontados de forma indevida de aposentados e pensionistas. O ressarcimento está sendo realizado em parcela única e sem ordem de prioridade. O prazo para contestação dos descontos irregulares foi prorrogado, e os prejudicados poderão solicitar a devolução dos valores até 14 de fevereiro de 2026.

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