Sábado, 04 de maio de 2024

Rendimento da poupança deve voltar à regra antiga; modalidade continuará perdendo para a inflação

As aplicações em caderneta de poupança deverão passar a ter o mesmo rendimento da chamada “poupança velha” a partir da próxima decisão do Banco Central sobre a taxa básica de juros (Selic).

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça (7) e quarta-feira (8) para deliberar sobre a nova taxa Selic, atualmente em 7,75%. A expectativa do mercado financeiro é de novo acréscimo de 1,50 ponto percentual, o que levaria a Selic para 9,25% ao ano.

Desde 2012, a poupança passou a ter dois tipos de remuneração. Quando a Selic está em até 8,5% ao ano, o rendimento é limitado a um percentual de 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017). Acima desse patamar, o rendimento é de 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano.

Para os depósitos feitos até abril de 2012, ou seja, na chamada “poupança velha”, os rendimentos são sempre calculados da segunda forma – independente da taxa de juros que estiver em vigor.

Regra

— Selic de até 8,5%: rendimento limitado a 70% da Selic + TR para novos depósitos e rendimento de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos feitos até 2012.

— Selic maior que 8,5%: rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos novos e antigos.

Confirmada a expectativa de elevação da Selic para uma taxa acima do 8,5% ao ano, todas as aplicações na caderneta passarão a rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano, como ocorria antes da mudança feita em 2012 nas regras.

Atualmente, com a Selic a 7,75%, o retorno da aplicação financeira mais popular do país é de 0,44% ao mês e de 5,43% ao ano para novas aplicações.

Mesmo passando a render mais a partir dezembro, a modalidade continuará perdendo para a inflação e para outros investimento de renda fixa. Ao menos no curto prazo.

“Estamos passando por um período em que a taxa de juros vai subir bastante para poder conter a inflação. A Selic, segundo o próprio governo vem dizendo, deve ficar 3 a 4 pontos percentuais acima da inflação no ano. Para a taxa de juros ficar abaixo da inflação, a gente precisa ter ajuste fiscal e condições mais estáveis da economia”, explica a planejadora financeira Myrian Lund.

Pior rendimento real

Em 2021, os saques nas cadernetas de poupança superam os depósitos em mais de R$ 30 bilhões. Trata-se da maior retirada de recursos para o período desde 2016, quando houve a saída de R$ 53,251 bilhões da modalidade. O estoque dos valores depositados pelos brasileiros nesta modalidade de investimento, porém, ainda somava R$ 1,027 trilhão em outubro.

A caderneta de poupança vem perdendo de longe para a inflação, que neste ano atingiu os dois dígitos no acumulado em 12 meses.

Já são 14 meses seguidos que a modalidade amarga queda no poder de compra, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.

Em outubro, a rentabilidade real (descontada a inflação) da caderneta ficou negativa em 7,59% no acumulado em 12 meses. Trata-se do pior rendimento real da modalidade desde outubro de 1991, quando o poupador que deixou o dinheiro nesta modalidade perdeu -9,72% em termos reais no período de 1 ano.

Os analistas das instituições financeiras projetam que a inflação medida pelo IPCA ficará em 0,72% em dezembro e em 0,55% em janeiro, de acordo com a última pesquisa Focus do BC. Ou seja, acima do retorno oferecido pelas regras da caderneta de poupança.

A projeção do mercado para a inflação de 2021 está atualmente em 10,18%. Para 2022, entretanto, a expectativa é que o IPCA desacelere para 5,02% e que a taxa Selic termine o ano em 11,25% ao ano.

Confirmada as expectativas, a tendência é que a poupança ao menos pare de perder para a inflação a partir de 2022. “Para quem é conservador, vai ter um momento de suspiro nesses próximos dois anos, o que pode ser uma ótima oportunidade para estudar e aprender a investir melhor”, diz Lund.

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