Quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Reservas internacionais do Brasil atingem patamar mais baixo desde abril de 2011

As reservas internacionais do Brasil estão no patamar mais baixo em mais de 11 anos, segundo dados do Banco Central (BC). O colchão de dólares do país entrou, entre o fim de agosto e o início deste mês, na casa dos US$ 326 bilhões, o mesmo registrado em abril de 2011.

No último mês, as reservas brasileiras tiveram as perdas mais acentuadas de 2022. Entre 9 de setembro e 10 de outubro, o recuo soma quase US$ 12 bilhões, 3,5% do valor total no período.
Para efeito de comparação, a queda ao longo dos 30 dias imediatamente anteriores foi de quase metade da cifra: US$ 6,2 bilhões, uma redução de 1,8%.

Reservas internacionais são valores que um país possui em moeda estrangeira. Funcionam como uma espécie de “seguro” para fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques externos, como crises cambiais — caracterizadas pela desvalorização acentuada da moeda local.

Essas reservas são distribuídas entre títulos (tipo de investimento feito a partir da compra de papéis de dívida de uma entidade emissora, que se compromete a devolver o valor com juros), depósitos em moedas, ouro, entre outros formatos.

Segundo o último relatório de Gestão das Reservas Internacionais do Banco Central, as reservas brasileiras encerraram 2021 distribuídas da seguinte forma, em moedas: dólar norte-americano (80,34%); euro (5,04%); renminbi chinês (4,99%); libra esterlina (3,47%); ouro (2,25%); iene (1,93%); dólar canadense (1,01%); e dólar australiano (0,97%).

Causas

Para o economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, André Galhardo, as perdas recentes podem ter relação com a volatilidade da moeda brasileira e a atuação do Banco Central para controlar a desvalorização do real diante do dólar norte-americano.

“O governo pode ter utilizado esses recursos para quitar obrigações de curto prazo. O Banco Central também voltou a vender dólar no mercado à vista, o que ajudou a diminuir essa volatilidade do câmbio”, explica Galhardo.

Comparativo

Entre 8 de julho e 8 de agosto, o país registrou aumento de US$ 3,5 bilhões nas reservas cambiais.
Apesar da alta no meio do ano, as quedas recentes ajudaram a puxar o resultado de 2022 para o negativo. No ano, o montante passou de US$ 361,4 bilhões, em 3 de janeiro, para os atuais US$ 326,2 bilhões, em 10 de outubro, uma perda nominal de US$ 35,1 bilhões – ou 9,7% no período.

Se comparado com o maior nível nominal da história, registrado em 2019, a queda é ainda maior, de US$ 64,2 bilhões. O montante foi reduzido de US$ 390,5 bilhões, no dia 25 de junho daquele ano, para US$ 326,2 bilhões, em 10 de outubro de 2022, um recuo de 16%.

Perspectivas

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a “perspectiva é de redução [das reservas] pelo menos nos próximos meses. Mas, no meu ponto de vista, nada preocupante, porque o nosso nível de passivo externo líquido é muito positivo”.

Ele também destaca que, como o Brasil tem, atualmente, um nível de reservas muito próximo à dívida externa total, está em um patamar que pode ser considerado confortável.

André Galhardo também descarta um cenário preocupante, mas pondera: “diversos estudos mostram que o patamar brasileiro é confortável. Ainda assim, essa diminuição tão rápida nos últimos dias liga um ponto de alerta. Por ter chegado a um nível que não era visto desde 2011, é um ponto de atenção”, afirma.

Cenário global

Alex Agostini explica que o cenário global atual — de aumento nas taxas juros pelas grandes economias — tem gerado impactos diretos sobre as reservas brasileiras.

Isso porque as reservas são formadas a partir da entrada de moeda estrangeira no país. Nesse contexto, a alta taxa de juros de economias como a dos Estados Unidos e de países da Europa se torna um entrave: são muito mais atrativas para os investidores quando comparadas ao Brasil.

O motivo é que são economias consolidadas, com riscos muito menores do que a brasileira, que acaba atraindo menos investidores, mesmo que nosso país tenha a maior taxa de juros real do planeta.

Agostini destaca que há ainda a incerteza diante da política brasileira, em meio às eleições, o que gera cautela por parte do mercado.

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