Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de dezembro de 2025
Em júri popular realizado em Porto Alegre, três homens foram condenados a prisão pela morte de uma grávida e outras duas tentativas de homicídio, durante disputa entre facções criminosas por pontos de tráfico no bairro Santa Tereza (Zona Sul), em 28 de dezembro de 2020. As sentenas vão de 25 a quase 33 anos de reclusão em regime fechado.
Na acusação formulada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) consta que o trio tripulava um carro roubado quando chegou ao local do incidente, onde desferiu diversos tiros contra rivais, ferindo dois deles. A educadora Cíntia Rosa da Silva, 29 anos, não tinha qualquer envolvimento com o grupo, mas acabou atingida por bala perdida.
O promotor responsável pelo caso, Fernando Bittencourt, já adiantou que o MPRS recorerá à Justiça para que sejam aumentadas as penas, relativas a homicídio doloso qualificado pelos agravantes de motivo torpe, perigo comum e recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de receptação e roubo de veículos. Também foi imputado ao trio o crime de corrupção de menores, já que um dos integrantes do grupo era adolescente. Um quarto réu foi absolvido.
Conforme noticiou o jornal “O Sul” na ocasião, o crime comoveu a opinião pública gaúcha e chegou a ter destaque na imprensa nacional. Cíntia trabalhava em uma escola infantil no bairro Menino Deus e cumpria licença-maternidade por já estar no sétimo mês de gestação. Era fim da tarde de uma segunda-feira e ela havia saído de casa para comprar pão em um mercado próximo – jamais voltaria.
Nas proximidades de um conhecido ponto de venda de drogas na avenida Orfanotrófio, a educadora acabou atingida nas costas por um dos projéteis do tiroteio e teve o óbito constatado logo após ser conduzida ao posto de saúde da Vila Cruzeiro. Ela deixou marido e um casal de filhos, de 11 e 12 anos.
O bebê que carregava no ventre – uma menina que receberia o nome de Lívia – chegou a nascer por meio de cirurgia cesariana de urgência e foi conduzido ao Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, no bairro Independência. No dia seguinte, porém, não resistiu.
Tentativa de feminicídio
Já em Rosário do Sul (Sudoeste gaúcho), um homem foi condenado por tentativa de feminicídio e violência psicológica contra sua então companheira, em 13 de dezembro de 2023. O réu – que já estava preso – recebeu pena de 11 anos em regime fechado.
O MP acusou o réu de tentar matar a vítima com agressões físicas, inclusive pressionando um travesseiro contra sua cabeça, assumindo assim o risco de causar morte por asfixia. Ela só sobreviveu graças ao socorro prestado por uma vizinha e ao encaminhamento ao atendimento médico, resultando em vários dias de internação em unidade de terapia intensiva (UTI).
Além da tentativa de feminicídio, ficou comprovado que, entre julho de 2021 e dezembro de 2023, o réu restringia a liberdade da vítima, além de ofendê-la de forma contumaz e de impor a ela o isolamento em relação a outros familiares, caracterizando assim grave violação da Lei Maria da Penha.
“Os fatos também geraram graves danos psicológicos aos filhos do casal. Um deles teve inclusive dificuldades de aprendizado diante de todo esse cenário de violência”, enfatizou o promotor Anderson Marcelo de Araújo, que atuou em plenário.
(Marcello Campos)