Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de maio de 2023
Entre 2013 e 2020, quem fosse regularmente à Venezuela de Nicolás Maduro encontraria uma situação pior do que na visita anterior. De um ano para outro, as ruas estavam mais violentas e vazias. As pessoas pareciam mais magras e com fome.
Os preços subiam de maneira vertiginosa. A única constante era o medo – da polícia, do governo, das milícias chavistas ou do crime organizado.
A crise econômica levou 7 milhões a fugir para outros países. O Conselho de Direitos Humanos da ONU estima que no auge da repressão do regime à oposição, entre 2018 e 2019, mais de 7 mil foram vítimas de execuções extrajudiciais.
A hiperinflação dizimou a economia. Os preços subiam tanto que, em determinado momento, o governo simplesmente parou de medi-los. A Venezuela se tornou alvo de sanções americanas ainda no governo de Donald Trump. O êxodo de venezuelanos aumentou, assim como a pobreza.
Cerco
Eram anos sombrios. Maduro fechou o regime. Líderes opositores foram presos, e outros fugiram para Miami ou Madri. Esquadrões da morte aterrorizavam e o herdeiro de Hugo Chávez consolidou seu poder, mesmo se tornando um pária internacional.
Então veio a pandemia. Trump perdeu a reeleição. A esquerda voltou ao poder na maioria dos países da América do Sul. Silenciosamente, Maduro adotou tímidas reformas econômicas para dar o mínimo de estabilidade.
Com a oposição desmobilizada e um cenário externo mais desfavorável do que quando se declarou presidente interino, o líder opositor Juan Guaidó perdeu força. O retorno de Lula e do PT ao poder, com o presidente defendendo a reintegração plena da Venezuela, deu a Maduro um aliado de peso na região, que ignora, ao menos publicamente, os abusos de direitos humanos, indícios de fraudes eleitorais e a inépcia econômica.
Nesse contexto, aliado à necessidade americana e europeia de buscar novas fontes de petróleo, em meio à guerra na Ucrânia, foram criadas as bases para a reabilitação de Maduro. Em paralelo, o Departamento de Estado dos EUA sinalizou uma reaproximação. Assim, Maduro, o sobrevivente, ganhou mais tempo para sua próxima jogada. Nada indica que ele vá reabilitar a oposição e organizar eleições justas. Mas, como sempre fez, o presidente barganha por mais tempo.