Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de maio de 2025
O surgimento de uma nova testemunha, identificada como o morador mais antigo da Pousada Garoa, trouxe uma reviravolta no caso. Ele relatou ter visto três homens discutindo momentos antes da tragédia. Um deles, segundo a testemunha — possível autor do incêndio —, saiu correndo, e logo depois teve início o fogo.
Essas revelações serão levadas à CPI que investiga o incêndio na Câmara de Vereadores e à Polícia Civil. O advogado Fábio Corrêa dos Santos afirma: “É uma reviravolta no caso. Agora temos a identificação de quem colocou fogo na pousada, o que reforça a tese de reabertura do inquérito”. Ele critica o fato de o inquérito ter “preferido centrar-se no contrato entre a prefeitura e a Pousada Garoa, em vez de considerar os elementos que indicam a prática de um ato criminoso”.
A investigação da Polícia Civil afastou a hipótese de incêndio criminoso e indiciou o proprietário da pousada, André Kologeski da Silva, o então presidente da extinta FASC, Cristiano Atelier Roratto, e a fiscal da prefeitura, Patrícia Schuller. Eles foram enquadrados por incêndio culposo com resultado morte.
Em nota, a defesa de Cristiano Atelier Roratto, diante das novas revelações, afirma que o conteúdo divulgado “evidencia a necessidade urgente de reabertura do inquérito policial, agora sob um novo e mais lúcido prisma investigativo”. A defesa aponta que a apuração ignorou imagens de segurança que registram a fuga do suspeito no exato momento do início das chamas — “elemento objetivo que jamais poderia ter sido negligenciado”, ressalta o advogado.
Uma prova testemunhal inédita também veio à tona: um morador afirmou, com 99% de certeza, que o verdadeiro responsável pelo incêndio atende pelo apelido de “Belo” — informação que, segundo o advogado Fábio Corrêa dos Santos, foi completamente ignorada pela investigação oficial. “O inquérito policial mostrou-se frágil e direcionado, falhando ao desconsiderar uma linha plausível de crime doloso praticado por terceiro”, acrescenta.
Atualmente, o processo está suspenso, aguardando definição da Justiça sobre qual órgão será responsável pelo julgamento do caso. A CPI pretende ouvir a nova testemunha em sessão secreta.
Recordando o caso
O incêndio ocorreu em uma das unidades da Pousada Garoa, localizada na Avenida Farrapos, região central de Porto Alegre. O prédio fica entre as ruas Barros Cassal e Garibaldi, a poucos metros da Estação Rodoviária.
O fogo começou por volta das 2h30 da madrugada de 26 de abril e se espalhou rapidamente pelos quartos da pousada. Para escapar das chamas, algumas pessoas se jogaram das janelas do segundo e terceiro andares. Os bombeiros encontraram dez vítimas em cômodos da pensão, e uma 11ª pessoa morreu no hospital após ser socorrida.