Quarta-feira, 18 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de junho de 2025
Pouco mais de um ano após a maior tragédia climática da história recente do Rio Grande do Sul, novas chuvas voltaram a elevar os níveis dos rios Taquari e Caí, que haviam registrado volumes nunca antes vistos em maio de 2024 e agora atingem comunidades que ainda estão em processo de reconstrução. Ao menos duas pessoas morreram em decorrência da atual tempestade.
O rio Taquari ultrapassou a cota de inundação de 19 metros nesta quarta-feira (18), em Lajeado, atingindo 19,47 metros às 16h45. O rio está acima do nível médio na cidade, de aproximadamente 13 metros. Em maio de 2024, o rio chegou a superar os 30 metros, devastando as áreas baixas da cidade e alcançando até o terceiro andar de prédios.
Já em Muçum, o nível do Taquari subiu 60 centímetros em três horas após uma tendência de leve redução e alcançou 11,50 metros às 18h, mas ainda afastado da cota de inundação de 18 metros.
Em São Sebastião do Caí, o rio Caí registrou 10,60 metros às 17h, subindo 14 cm em uma hora e ficando 10 cm acima da cota de inundação.
De acordo com o prefeito João Marcos Guará (PSDB), o município trabalha com a possibilidade de uma elevação entre 1 a 2 metros no nível do rio até as 5h de quinta-feira (19), podendo chegar a um pico de 13 metros. “Quem tiver suas coisas para levantar e organizar, este é o momento”, disse Guará em vídeo.
O nível fica abaixo do recorde de 17,6 metros registrado em maio de 2024, quando 36% da população da cidade de 26 mil habitantes foi diretamente afetada pela água. Pelo menos 37 pessoas já foram retiradas de casa de forma preventiva nesta tarde e levadas para um abrigo no ginásio municipal, e o governador Eduardo Leite (PSD) foi até a cidade de helicóptero para acompanhar a situação.
Em outro ponto do rio, na cidade de Nova Petrópolis, um homem de 22 anos morreu submerso dentro do próprio carro quando a cabeceira de uma ponte desmoronou. A Defesa Civil gaúcha confirmou a morte de uma mulher em Candelária, e os bombeiros retomaram a busca por um homem desaparecido.
O rio Jaquari está em 12,38 metros, quase 3 metros acima da cota de inundação. Na cidade de Jaguari, a cheia deixou cerca de 1.200 pessoas desabrigadas ou desalojadas. De acordo com a Defesa Civil, ao menos 2.256 pessoas estão fora de casa no Rio Grande do Sul, sendo 1.038 em abrigos.
Também ultrapassaram a cota de inundação os rios Ibirapuitã, em Alegrete, na Fronteira Oeste e o Jacuí, em Dona Francisca.
Em Canoas, choveu 69 mm em quatro horas durante a madrugada, acima dos 61 mm previstos para o dia inteiro. Ao todo, 89 pessoas estão desalojadas e 28, desabrigadas. A prefeitura abriu um abrigo com capacidade para receber 150 pessoas no ginásio São Luís.
Em nota, a prefeitura de Canoas informou que, apesar dos alagamentos, não há risco de inundações ou enchentes na cidade. Equipes estão realizando a desobstrução de pontos no sistema de drenagem com o auxílio de caminhões de hidrojateamento.
Uma Unidade de Pronto-Atendimento no bairro Mathias Velho teve os serviços interrompidos devido a alagamentos no entorno, e as demandas foram transferidas para o Hospital Nossa Senhora das Graças.
Todas as aulas da rede municipal de ensino fundamental estão suspensas nesta quarta-feira.
Uma breve queda de energia elétrica causou a paralisação dos motores de uma das casas de bomba do município por meia hora, mas o fornecimento foi logo restabelecido.
O nível de rios e corpos d’água mais próximos da região metropolitana de Porto Alegre está em alta, mas ainda distante das cotas de inundação. Em São Leopoldo, o nível do rio dos Sinos ultrapassou em 10 cm a cota de atenção e atingiu 3,60 metros às 17h, com elevação média de 2,7 centímetros por hora ao longo da tarde, mas ainda abaixo da cota de inundação de 4,50 metros.
Em Porto Alegre, o Guaíba registrou 2,12 metros às 18h15, ainda distante da cota de inundação de 3,60 metros. No entanto, o nível pode subir nos próximos dias, à medida que as águas dos rios Taquari e Caí escoem para o delta do Jacuí, que alimenta o Guaíba.
A precipitação entre meia-noite de terça-feira e 17h de quarta-feira foi de 140 mm, acima da média mensal de junho, de 130 mm. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.