Domingo, 16 de março de 2025

Rita Lee enfrentou policiais em seu último show: “Sou do tempo da ditadura. Pensam que tenho medo”

Nem mesmo em sua despedida dos palcos, aos 64 anos, em 2012, Rita Lee deixou de lado sua postura combativa. Sempre atenta à violência policial, desde os tempos da ditadura militar, quando chegou até a ser presa, Rita, que morreu nessa segunda-feira (8), aos 75 anos, não teve medo de denunciar o que ela considerava errado.

Durante uma confusão na plateia com agentes policiais, Rita interrompeu a apresentação em Aracaju, no Sergipe, e “bateu de frente” com eles. No final da noite, ela parou na delegacia, onde foi enquadrada no crime de “desacato e apologia ao crime ou ao criminoso”.

Os policiais pareciam estar revistando o público durante o show. Conforme consta em nota da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, os agentes abordavam as pessoas que fumavam maconha na plateia. De cima do palco, Rita interrompeu a apresentação e se demonstrou inconformada com o ocorrido.

“Olha, se a polícia bater, eu vou falar para o Brasil inteiro, denuncio e processo. Isso é força brutal. Vocês não têm o direito de usar a força na ‘meninada’ que não está fazendo nada. Cadê o responsável? Eu quero falar, tenho o direito. Esse show é meu, não é de vocês. Esse show é minha despedida do palco e vocês continuam tendo que guardar as pessoas, não agredir. Seus cachorros – coitados dos cachorros. Cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo? [Efeito sonoro para cobrir palavrões]”, disse Rita, entre aplausos e gritos eufóricos da plateia.

“Vem aqui. Eu sou mulher. Tenho três filhos, uma neta, 64 anos. O que vocês vão fazer? É isso que vocês querem: chamar atenção. […] Cadê por escrito que vocês têm que fazer isso? […] O que é isso? Não, eu não vou esperar. Esse show é meu. As pessoas estão me esperando cantar. Não é a gracinha de vocês, seus [efeito sonoro para cobrir palavrões]. Vêm me prender. Agora vêm aqui”, enfrentou Rita.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, Rita começou a se dirigir aos policiais faltando cerca de 40 minutos para acabar o show.

“Ela dizia que o show era dela e, em um determinado momento, ela disse: ‘Me dê um baseado para eu fumar aqui em cima’”, afirmam.

Logo após o ocorrido, Rita comentou sobre o caso em seu Twitter. “Polícia dando trabalho para mim. Quer me prender. Embasamento legal não há. Não retiro uma palavra do que disse, o show era meu!”, publicou.

Em seguida, Rita completou: “Alô ‘twittlawyers’, polícia abusiva e abusada, não sou obrigada a fazer o que me pedem: ir à delegacia agora, ou amanhã às 9h. Último show e ela vai presa? Não poderia ser mais ‘la cantante’, afff”.

Ela também agradeceu à então vereadora Heloísa Helena, de Maceió (AL), por prestar depoimento. A política estava na plateia do show e, segundo Rita, ela só foi solta por causa dela.

Em abril do ano seguinte, Rita foi condenada a pagar R$ 5 mil por danos morais causados a dois policiais envolvidos na confusão. Por meio da assessoria de imprensa, na ocasião, a cantora disse que “por enquanto nada a declarar, apenas a lamentar”.

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