Quarta-feira, 18 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de junho de 2025
– Queremos continuar crescendo, e fazendo bem feito todas as coisas. Mas precisamos admitir que estamos diante de um mercado mais estacionado, o que exige um desafio muito grande para manter as vendas e voltar a crescer. Portanto, este ano estamos diante de um grande desafio” afirma o empresário Roberto Argenta, presidente do grupo Beira Rio. Argenta recebeu ontem na sua sede central em Novo Hamburgo, um grupo de convidados para celebrar os 50 anos da empresa, e projetar o futuro em meio a uma economia turbulenta nos cenários nacional e internacional. Um livro organizado pelo seu filho Marcelo Argenta foi apresentado, contando a trajetória iniciada em junho de 1975 na beira do rio Paranhana, na pequena cidade de Igrejinha. Roberto Argenta conversou com o colunista sobre os cenários que projeta para o futuro.
Grupo Beira Rio está presente em 115 países
Roberto Argenta comanda uma estrutura impressionante: atualmente a Beira Rio tem uma produção diária de 500 mil pares; uma capacidade anual de mais de 100 milhões de pares; presença internacional em 115 países; estrutura fabril em 11 unidades no Rio Grande do Sul; 29,5 mil empregos gerados, sendo 8,5 mil diretos, 11 mil em prestadores de serviço e cerca de 10 mil indiretos; faturamento estimado para este ano em R$ 6 bilhões e um portfólio de oito marcas com mais de 11 mil combinações de modelos, materiais e cores.
“Nosso desafio é cuidar daquilo que conquistamos, e fazer tudo com muita qualidade, e sem dúvida sinto uma emoção muito grande em levar nossos produtos a todas as partes do mundo”, afirma.
Situação econômica “decorre de erros cometidos pelo governo”.
Roberto Argenta, que já foi vereador e prefeito de igrejinha, deputado federal e candidato a governador em 2022, garante ter encerrado sua caminhada na política partidária. Porém, mantem-se atento ao cenário político e econômico. Ele avalia que a situação econômica do país, que preocupa aos empreendedores, “decorre de um erro que o governo cometeu lá no início, ao fixar a meta de inflação em 3%, algo que se confirma hoje, era impossível de ser alcançado. E agora o Banco Central, para trazer a inflação para o centro da meta, utiliza o único instrumento disponível, que é o juro alto. Então, se a meta tivesse sido estipulada de forma realista em 6%, hoje a nossa taxa referencial de juros estaria entre 6% e 7%”, explica.
Para ele, “aumentar a taxa de juros é uma aspirina, mas como a economia está com bronquite, só a aspirina não resolve. Então o modelo pensado não tinha lógica para dar certo, e por isso estamos hoje nesse problema, decorrente de erros de avaliação que nos levaram à alta da inflação, juro alto, e a necessidade, na ótica do governo, de aumento de imposto. Criamos uma superestrutura que agora não se consegue sustentar, e agora precisamos ter um choque de novo. Mas para isso – um choque nas estruturas – é preciso um consenso da população”, afirma Argenta.
Fábricas priorizam investimento na economia regional
O discurso de Roberto Argenta, de valorizar a regionalização, se materializa nos investimentos: com fábricas em cidades como Novo Hamburgo, Igrejinha, Sapiranga (2), Osório, Teutônia, Candelária (2), Roca Sales, Mato Leitão e Santa Clara do Sul, a Beira Rio está entre as maiores geradoras de valor adicionado nos municípios onde atua.
A cadeia produtiva da empresa também é, em sua maioria, local: 72,7% dos 564 fornecedores estão no Rio Grande do Sul, fortalecendo um ecossistema que envolve 410 prestadores de serviços, mais de 11 mil postos de trabalho nesse modelo e cerca de 10 mil empregos indiretos.
Roberto Argenta justifica essa escolha dizendo que “manter a produção integralmente no estado leva em conta a qualidade da nossa mão de obra, dos nossos fornecedores e clientes, e esta sempre foi mais que uma estratégia, mas uma escolha ética e econômica, que reafirma o compromisso com o desenvolvimento regional sustentável.”
Flávio Pereira
@flaviorrpereira