Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Roger Waters é investigado pela polícia alemã por show com uniforme com suposta alusão ao nazismo

Roger Waters, cofundador do Pink Floyd, está sendo investigado pela polícia de Berlim por incitação ao ódio depois que ele vestiu um uniforme de estilo nazista em um show na capital alemã.

“Estamos investigando uma suspeita de incitação ao ódio público porque as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazista, perturbando a ordem pública”, disse à AFP o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Halweg, ao anunciar a investigação.

“As roupas lembram o uniforme de um oficial da SS”, acrescentou Halweg. A investigação aborta uma apresentação do cantor no dia 17 de maio, na Mercedes-Benz Arena.

Imagens divulgadas nas redes sociais da organização Stop Antisemitism mostram Waters com um casaco preto e braçadeiras vermelhas segurando um fuzil. O Twitter acrescentou uma postagem, abaixo do vídeo, em que os leitores fornecem o contexto à cena.

“Roger Waters interpreta o Pink Floyd, um astro do rock que tem uma overdose e cai na loucura, alucinando que é um ditador em um comício fascista, e o público é seu apoiador. É um papel famoso interpretado por Bob Geldof no filme ‘Pink Floyd: The Wall’ (1982)”, diz a mensagem.

A imprensa da Alemanha e de Israel também informou que, durante o show, Waters exibiu em um telão os nomes de várias pessoas mortas, incluindo os de Anne Frank, a adolescente judia que morreu em um campo de concentração nazista, e de Shireen Abu Akleh, a jornalista com cidadania palestina e americana do canal Al Jazeera que morreu em uma operação israelense em maio de 2022.

Segundo a revista “Billboard”, as imagens traziam figuras que foram mortas por autoridades. Além de Anne Frank e Shireen Abu Akleh, também apareceram Sophie Scholl, da Rosa Branca, movimento de resistência alemã antinazista, morta em 1943, Mahsa Amini, que morreu após ter sido detida pela polícia da moralidade no Irã, no ano passado, e George Floyd, morto sufocado pela polícia dos Estados Unidos.

“Estamos investigando e, após a conclusão do procedimento, transmitiremos as informações ao Ministério Público para uma última avaliação jurídica”, acrescentou o porta-voz da polícia.

O MP decidirá se o cantor britânico, 79 anos, será processado ou não. O show de Waters em Berlim recebeu muitas críticas em Israel.

O ministério israelense das Relações Exteriores afirmou que Waters “profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”.

“Waters quer comparar Israel com os nazistas. Ele é um dos maiores críticos dos judeus de nossa época”, escreveu no Twitter o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon.

Waters é um conhecido ativista pró-Palestina que já foi acusado de ter posições antijudaicas. Em seus shows, ele utiliza um porco inflável com a estrela de David. Também defende ações de boicote a produtos israelenses.

As autoridades da cidade alemã de Frankfurt cancelaram um show do músico programado para 28 de maio, mas a decisão foi anulada por um tribunal administrativo em nome da liberdade de expressão.

Resposta

Roger Waters rebateu as críticas por subir ao palco em Berlim vestindo traje nazista. O artista de 79 anos disse no Twitter que sua performance foi uma “evidente declaração em oposição ao fascismo”.

Ele lembrou que a representação de um demagogo fascista aparece em seus shows desde os shows do álbum The wall, do Pink Floyd, lançado em 1979.

“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais. Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. Tentativas de retratar esses elementos como outra coisa são engenhosas e politicamente motivadas”, disse.

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