Segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Roubalheira nas aposentadorias do INSS: alvo da Polícia Federal movimentou 4,4 milhões

O empresário José Lins de Alencar Neto, investigado pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 4,4 milhões em dois meses com indícios de lavagem de dinheiro, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento foi enviado pelo Coaf à CPI do INSS.

Alencar Neto é apontado como ex-dono de duas entidades na mira das investigações: Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros (AAPB). A advogada Cecília Rodrigues Mota, também investigada pela PF, também dirigiu as duas associações.

Mota movimentou R$ 10 milhões em transferências incompatíveis com seu patrimônio e é “reincidente” em alertas por suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo o Coaf afirmou à CPI do INSS.

O órgão de combate à lavagem de dinheiro analisou uma conta bancária do empresário em dois meses: julho de 2024 e outubro de 2024. No primeiro período, Neto movimentou R$ 1,8 milhão. No segundo, R$ 2,6 milhões.

“As movimentações financeiras realizadas pelo cliente podem ser caracterizadas, em tese, como indícios de lavagem de dinheiro, considerando o número expressivo de transações a crédito e a débito e o valor total movimentado, que no período em análise ultrapassa notavelmente a sua capacidade financeira”, afirmou o relatório do Coaf.

Ainda segundo o documento, Neto fez “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”.

Em junho, a Justiça Federal bloqueou R$ 191,2 milhões de José Lins de Alencar Neto, a advogada Cecília Rodrigues Mota e mais três investigados por atuação na Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). O bloqueio de verbas foi solicitado pela Advocacia-Geral da União (AGU).

Neto e os outros antigos dirigentes da entidade tiveram “papel decisivo nos atos ilícitos” e usaram a empresa para “encobrir e dissimular a prática dos atos ilícitos”, afirmou a AGU, segundo documentos da CPI do INSS.

A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que a AAPB tem 173,2 mil membros em 4,2 mil cidades, mas tem apenas uma estrutura física em Fortaleza, o que foi considerado insuficiente para executar o serviço.

Ressarcimento

O governo federal ressarciu até agora apenas 43% dos descontos em pensões e aposentadorias classificados como indevidos após a denúncia de esquema de fraudes milionárias no INSS. O cálculo foi feito pelo Dataprev, empresa estatal de processamento de dados do governo federal, a partir da estimativa de descontos indevidos feita em função das reclamações registradas no site Meu INSS.

A estatal enviou um documento para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS com todos os dados relacionados ao processo de ressarcimento.

Originalmente, a investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) estimava que as associações desviaram cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.

Já a Dataprev estima que R$ 3,7 bilhões foram descontados indevidamente no período, a partir de todas as reclamações registradas – de um total transferido de R$ 7,8 bilhões entre março de 2020 a março de 2025.

Até o final de setembro deste ano, o governo ressarciu os aposentados e pensionistas em R$ 1,6 bilhão, 43% do total estimado pela Dataprev. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e do portal de notícias g1)

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