Sábado, 20 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de dezembro de 2025
A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada para apurar novas suspeitas de desvios de aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontou a existência de pagamentos do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, para uma amiga de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de Roberta Luchsinger, herdeira de um banqueiro e próxima do PT.
A defesa de Roberta disse que ela nunca teve “qualquer relação com descontos do INSS” e afirmou que foi procurada pelo “Careca” para atuar na regulação de empresas de canabidiol.
“Cumpre esclarecer que os negócios se mantiveram apenas em tratativas iniciais e não chegaram a prosperar. Cumpre esclarecer, ainda, que as mencionadas tratativas se deram em momento anterior às revelações dos desvios de descontos do INSS e da participação de Antônio Carlos Camilo Antunes nas investigações”, afirmou a defesa de Roberta, acrescentando que ela não firmou nenhum contrato público relacionado a esse negócio.
Em mensagens apreendidas pela investigação, o “Careca do INSS” pede a um funcionário para pagar R$ 300 mil à empresa de Roberta e cita que o destinatário dos valores seria “o filho do rapaz”. O relatório não identifica quem é “o filho do rapaz”.
Transferências
A PF afirma que, no total, uma consultoria do “Careca do INSS” transferiu R$ 1,5 milhão para a empresa de Roberta, em sucessivos pagamentos de R$ 300 mil. A investigação também encontrou diálogos entre o “Careca do INSS” e Roberta nos quais há referências a “Fábio” e a “nosso amigo”. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça não cita Fábio Luís nominalmente.
No início deste mês, CPI do INSS rejeitou requerimento que pedia a convocação de Lulinha. Por 19 votos a 12, os governistas conseguiram barrar o pedido de comparecimento do filho do presidente para esclarecimentos.
Testemunha
Uma testemunha já havia relatado em depoimento à PF ter ouvido dizer que o “Careca do INSS” pagava mesada de R$ 300 mil em conjunto para Fábio Luís e Roberta. No depoimento, ele disse não ter provas concretas desses pagamentos e sugeriu caminhos para a PF obter elementos de corroboração. Esse depoimento foi revelado pelo portal Poder360.
Essa testemunha é o empresário Edson Claro, que foi sócio do “Careca do INSS” em uma empresa na área da cannabis medicinal. Ele rompeu com o antigo sócio.
Lula comentou, durante um café da manhã com jornalistas, as investigações sobre fraudes e desvios no INSS. “É importante que haja seriedade para que a gente possa investigar todas as pessoas envolvidas. Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado. Se tiver meu pai, que já morreu, não”, declarou o presidente. (Com informações de O Estado de S. Paulo)