Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Rússia deve chegar à exaustão primeiro, segundo especialista na guerra na Ucrânia

Nem Rússia nem Ucrânia têm força suficiente para vencer ainda este ano a guerra.

A expectativa do mandatário russo Vladimir Putin era concluir em fevereiro do ano passado, quando ordenou a invasão do país vizinho. É o que avalia o brasileiro-letão Janis Berzins, pesquisador sênior do Centro de Segurança e Pesquisa Estratégica (CSSR) da Academia de Defesa Nacional da Letônia e especialista na questão.

Berzins considera que uma ofensiva ucraniana para retomar os territórios ocupados pela Rússia, algo que pode iniciar a qualquer momento, não será suficiente para expulsar os russos definitivamente, apesar da situação precária das tropas de Putin e dos armamentos recebidos do Ocidente.

Instalou-se um conflito de posições em que drones e mísseis de alta precisão convivem com trincheiras que remetem à Primeira Guerra Mundial.

Ainda assim, um impasse bloqueia a possibilidade da paz: nenhum dos lados aceitaria abrir mão da península da Crimeia, no mar Negro, ocupada pela Rússia desde 2014.

Conforme Janis Berzins, embora o Brasil e outros países tenham manifestado a disposição para mediar a paz, a mera boa intenção não vai bastar.

Ele assinala, ainda, que o parlamento russo já orçou hospitais militares até 2025.

Por isso, o cenário mais provável é que as lutas prossigam até a exaustão de um dos lados, que provavelmente será o russo, segundo o pesquisador.

Ataque nuclear russo

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou que o país lançará um ataque nuclear preventivo na Ucrânia se o governo ucraniano receber mais armas de países aliados.

Ele disse que o Ocidente está subestimando seriamente o risco de uma guerra nuclear e que, no momento, as negociações entre Moscou e Kiev são impossíveis.

“Há leis inexoráveis na guerra. Se houver [o fornecimento à Ucrânia de] armas nucleares, um ataque preventivo terá de ser lançado”, declarou Medvedev, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (26) pela agência oficial russa TASS.

Ele acrescentou que os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão expandindo os tipos de armas enviados para a Ucrânia e que o governo de Kiev provavelmente receberá caças F-16 e armas nucleares.

“Mas isso significa que mísseis com cargas nucleares cairão. Os ocidentais não percebem isso e acreditam que não chegará a isso”, alertou.

As declarações de Medvedev foram dadas após o presidente da Belarus, Alexander Lukashenko, ter anunciado, na quinta-feira (25), o início da transferência de armas nucleares táticas russas para o seu território.

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, enfatizou que a transferência desses armamentos não significa que eles serão entregues ao país aliado.

“A Rússia não está entregando armas nucleares à Belarus. O controle sobre essas armas e a decisão de usá-las permanece do lado russo”, disse Shoigu.

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