Terça-feira, 30 de setembro de 2025

Rússia diz que adesão da Finlândia à Otan é “definitivamente uma ameaça”

O Kremlin disse nesta quinta-feira (12) que a decisão da Finlândia de ingressar na Otan era “definitivamente” uma ameaça à Rússia e que a expansão do bloco militar não tornaria a Europa ou o mundo mais estáveis. Falando a repórteres em uma teleconferência, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que as medidas tomadas pela Finlândia para ingressar na Otan são motivo de arrependimento e motivo para impor uma resposta à altura.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia também se manifestou. “A adesão da Finlândia à Otan é uma mudança radical na política externa do país”, disse o Ministério em comunicado. “A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir que surjam ameaças à sua segurança nacional.” Ele informou também que esse movimento poderá mudar toda a forma como a Rússia executa suas políticas externas.

O presidente e primeiro-ministro da Finlândia disseram que seu país deve acelerar o processo de ingressão na aliança militar da Otan “sem demora”. Questionado se isso representava uma ameaça para a Rússia, Peskov respondeu: “Definitivamente. A expansão da Otan não torna nosso continente mais estável e seguro”. Ele também disse que a Finlândia aderiu a “medidas hostis” contra a Rússia.

“Tudo dependerá de como esse processo de expansão da Otan se desenrolar, até que ponto a infraestrutura militar se aproxima de nossas fronteiras”, disse Peskov quando perguntado sobre as formas de resposta russas. Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, a Finlândia mantinha, desde a Segunda Guerra Mundial, uma política de neutralidade em relação à Rússia, com a qual compartilha uma fronteira de 1.340 km (830 milhas).

O país provavelmente se juntará à Otan este ano, ao lado de sua vizinha Suécia, outra potência tradicionalmente neutra que anteriormente se absteve de ingressar na aliança liderada pelos EUA.

Responsabilidade

O anúncio do presidente e da primeira-ministra da Finlândia de que o país vai confirmar o pedido da adesão a Otan em breve representa, na mesma medida, um novo trunfo e uma nova responsabilidade para a aliança militar, de acordo com o analista político Oliver Stuenkel, coordenador do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da FGV-SP.

De acordo com Stuenkel, ao mesmo tempo que os aliados do Tratado do Atlântico Norte vão agregar tecnologia militar e tropas bem preparadas, a inclusão dos países nórdicos também aumenta a área sob a proteção conjunta dos Estados-membros, além de expandir a fronteira direta com o território russo.

O professor também apontou a aproximação das nações europeias ao bloco militar como um fracasso diplomático da Rússia, e afirma que a demanda popular de finlandeses e suecos pela entrada na Otan enfraquecem o argumento do Kremlin de que a organização sediada em Bruxelas encampa um projeto de pressão ao país.

“A princípio, a adesão certamente fortalece a Otan, porque Finlândia e Suécia possuem uma capacidade militar considerável. Ao mesmo tempo, esse movimento aumenta a chance de uma inflexão com a Rússia, porque expande a fronteira compartilhada com a organização. Na visão de alguns, a situação desestabiliza a segurança, sobretudo no norte europeu, e será preciso encontrar um novo equilíbrio. Creio que o mais provável é que a adesão seja utilizada pela retórica russa como forma de se mostrar como a parte acuada, cercada, e não agressora”, destacou Stuenkel.

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