Segunda-feira, 04 de agosto de 2025

Rússia impõe apagões diários à internet móvel para conter drones ucranianos

As redes móveis da Rússia vem sofrendo quedas frequentes por causa da guerra com a Ucrânia. Desde o mês passado, as autoridades têm desligado essas redes todos os dias em várias partes do país, de forma imprevisível, por várias horas seguidas. O objetivo é tentar impedir ataques de drones ucranianos que, segundo analistas, usam as redes móveis para navegação.

É uma grande interrupção em um país onde os smartphones são, para milhões de pessoas, a única forma de acesso à internet. O governo promove regularmente uma série de serviços online, como envio de declarações de imposto de renda e candidatura a empregos. O presidente Vladimir Putin chegou a afirmar neste ano que a Rússia estava “um passo à frente de muitas outras nações”.

O governo russo tem histórico de restrições às liberdades online, incluindo tentativas de bloquear o aplicativo de mensagens mais popular do país e de limitar a velocidade do YouTube. Mas os apagões da internet móvel são um dano colateral da guerra, uma resposta aos espetaculares ataques de drones ucranianos contra bombardeiros de longo alcance em bases russas no dia 1º de junho.

Os celulares usam redes móveis paralelas — uma para chamadas e outra para dados utilizados por apps ou drones. Os apagões afetam a rede de dados, mas as ligações telefônicas continuam funcionando. Conexões wi-fi, que não dependem das redes móveis, podem manter os aparelhos online.

As ordens diárias para desligar a internet móvel partem de autoridades regionais que reagem a relatos de intrusão de drones, e não diretamente de Moscou, segundo documentos obtidos pelo The New York Times. O Ministério das Comunicações da Rússia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

“O Kremlin tem pedido às autoridades regionais que montem uma defesa contra os drones, não há nada mais que possam fazer além de desligar a internet”, disse Mikhail Klimarev, chefe da Sociedade de Proteção da Internet, um grupo de defesa de direitos digitais com sede no exterior.

Voos afetados

A ameaça dos drones também tem provocado o fechamento de aeroportos russos por horas. Cerca de 300 voos foram cancelados em Moscou em um único fim de semana.

No final deste mês, a internet móvel foi cortada todos os dias, por pelo menos algumas horas, em alguma parte de pelo menos 73 das 83 regiões da Rússia, segundo levantamento da Na Svyazi, um grupo de voluntários no exterior que monitora o acesso à internet no país.

Reação popular

Os russos vivenciaram os primeiros apagões do tipo nos primeiros meses da guerra, mas eles estavam limitados às regiões de fronteira com a Ucrânia.

Neste ano, as autoridades desligaram a internet móvel em Moscou por alguns dias antes do desfile anual do Dia da Vitória, em maio, um evento importante para Putin, que na ocasião recebeu vários líderes mundiais, incluindo o presidente chinês, Xi Jinping. A interrupção escancarou a dependência dos moscovitas de aplicativos para pagamentos por aproximação, táxis, carros por assinatura, entrega de comida e compras online, mas a insatisfação foi relativamente discreta.

“As regiões costumavam evitar esse tipo de apagão por medo da reação popular”, disse ao New York Times o advogado e especialista em internet Sarkis Darbinian, que vive no exílio.

A ausência de protestos em Moscou deu o sinal de que “é possível simplesmente desligar a internet”, afirmou.

Depois dos ataques ucranianos em 1º de junho, os apagões começaram a afetar praticamente todo o território do país.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, atribuiu os transtornos durante o desfile do Dia da Vitória a “um vizinho perigoso”, numa aparente referência à Ucrânia. Quando foi questionado recentemente sobre os apagões mais amplos, respondeu que “tudo o que estiver relacionado à segurança pública é justificável”.

Comércio eletrônico

Os apagões têm afetado principalmente empresas de comércio eletrônico e consumidores, embora ainda não esteja claro o impacto econômico total. Regiões como Tula, no sudoeste, e Omsk, na Sibéria, anunciaram recentemente que vão criar redes públicas de wi-fi para permitir que os moradores fiquem online mesmo quando as redes móveis forem desligadas. Com informações de O Globo

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