Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de dezembro de 2021
Quase um ano depois de o Departamento de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos aprovar as primeiras vacinas contra a covid-19, você provavelmente não precisa que alguém lhe convença de sua eficácia. Mais de 4,28 bilhões de pessoas já receberam ao menos uma dose, o que significa 55,8% de toda a população mundial.
Apesar dessa enorme adoção, no entanto, também é provável que você conheça ao menos uma pessoa em sua família ou grupo de amigos que ainda não recebeu a vacina devido a uma escolha pessoal, não devido a pouca disponibilidade do imunizante. Essas pessoas são frequentemente caracterizadas como sendo “antivacinas” que rejeitam a ciência — e às vezes ouvimos que qualquer tentativa de nos engajarmos em um debate com elas é apenas desperdício de voz.
A realidade, claro, é mais complexa. É certamente verdade que alguns comprometidos teóricos da conspiração estão dispostos a espalhar desinformação, mas esses grupos pequenos, mas altamente barulhentos, não representam a maioria das pessoas que ainda não tomaram sua vacina.
Mesmo antes da pandemia de covid-19, a baixa confiança em vacinas em algumas partes do mundo era descrita por especialistas de saúde como uma “crise global”. Agora existem preocupações reais de que isso pode afetar os esforços para encerrar a pandemia.
Há um certo tempo, pesquisadores vêm buscando maneiras de ajudar governos a persuadir pessoas ainda hesitantes em relação às vacinas. Não é surpresa alguma que não haja uma solução única, mas uma grande parte da estratégia é conversar e engajar pessoas que ainda relutam em se vacinar.
Na verdade, muitas pessoas relutantes estão simplesmente indecisas — e cientistas afirmam que conversar com elas pode ajudá-las a olhar para a evidências. E não são apenas governos e autoridades da área da saúde que podem fazer isso. “Dias sociais são crucialmente importantes”, diz John Cook, um cientista cognitivo da Universidade Monash, na Austrália.
Veja a seguir, uma lista de conselhos baseados em evidências sobre quais as melhores formas de discutir a ciência por trás das vacinas – e o que deveria ser evitado.
1) Escolha suas batalhas
A primeira regra sobre comunicação eficaz — em qualquer área — é mirar o público certo. E pesquisas recentes sugerem que muitos de nós podem não estar prestando atenção exatamente às pessoas que poderiam responder bem a sua mensagem.
Um estudo recente de Christopher Bechler, professor assistente de marketing na Universidade de Notre Dame no Estado americano de Indiana, pesquisou atitudes de pessoas em relação a comportamentos como uso de máscara. Em um experimento, participantes receberam a chance de passar informações úteis sobre o tema para pessoas com uma ampla variedade de opiniões.
Os participantes tendiam a escolher aqueles com uma visão bastante negativa do assunto. Mas Bechler descobriu que a informação compartilhada tinha muito pouco impacto na opinião dessas pessoas. Em vez disso, a mensagem era mais eficaz ao fortalecer a posição daqueles que já eram, embora apenas levemente, a favor da máscara como medida de segurança.
2) Seja humilde
A segunda regra da comunicação eficaz está ligada à humildade, enquanto tentamos entender o ponto de vista da outra pessoa. “É importante ter um diálogo de duas mãos, em que nós escutemos com empatia e genuinamente busquemos compreender quais são as objeções da outra pessoa”, afirma Cook, que recentemente foi coautor de um manual gratuito sobre comunicação a respeito da vacina contra a covid-19. “Tentar mudar a opinião de uma pessoa fazendo com que ela se sinta estúpida não é um caminho na direção do sucesso.”
Seria muito mais eficaz reconhecer nossas preocupações iniciais e explicar como chegamos à decisão que acabamos tomando.
3) Estabeleça uma conexão pessoal
Quando nos engajamos nesse tipo de conversa e ouvimos ativamente o que a outra pessoa tem a dizer, você pode ver que as preocupações são em geral de cunho prático. Estudos recentes sugerem que a facilidade de acessar a vacina é um dos melhores indicadores de relutância.
Se for esse o caso, você pode oferecer ajuda com potenciais barreiras, como marcar um horário para a pessoa se vacinar ou organizar transporte até o centro de saúde. Em outros casos, você pode identificar que existem mal-entendidos específicos a respeito de segurança ou eficácia sobre os quais você pode conversar.
Se você se encontrar numa conversa com alguém que é fortemente contrário à vacina, você pode achar mais eficiente enfatizar os benefícios individuais da imunização, de acordo com um estudo de Sinéad Lambe, uma psicóloga clínica pesquisadora da Universidade de Oxford.
4) Descreva os métodos por trás da desinformação
Ocasionalmente, você pode identificar que uma pessoa relutante em tomar a vacina foi iludida por alguma desinformação. É comum ouvir que testes clínicos foram apressados, por exemplo. Nesse tipo de situação, vale reconhecer que faz sentido questionar a qualidade de qualquer estudo científico, para então descrever o desenvolvimento de longo prazo da tecnologia da vacina em questão, que vinha sendo testada durante anos antes do surgimento da covid-19.
Você também pode explorar o tamanho dos testes com a vacina contra covid — que contou com dezenas de milhares de participantes — e o contínuo monitoramento de efeitos colaterais. Você pode também olhar para gráficos online para demonstrar os riscos de pegar covid-19 em comparação com os riscos de receber a vacina.