Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de abril de 2025
O funeral do papa Francisco reuniu neste sábado (26) cerca de 400 mil pessoas, entre católicos e outros espectadores, membros do clero e chefes de Estado do mundo inteiro. A cerimônia destacou o trabalho do primeiro pontífice da América Latina em prol dos mais pobres e da paz mundial.
“As demonstrações de afeto que testemunhamos nos últimos dias após sua passagem desta terra para a eternidade nos dizem quanto o pontificado do papa Francisco tocou mentes e corações”, afirmou o cardeal italiano Giovanni Battista Re, que fez a homilia.
De acordo com analistas, a cerimônia teve um tom político ao mencionar os imigrantes e lembrar que o papa “quis construir pontes, não muros”. O evento também ficou marcado pela presença de líderes nacionais como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o norte-americano Donald Trump e o ucraniano Volodymyr Zelensky.
Francisco havia providenciado uma série de modificações no funeral para que o evento se assemelhasse mais ao “enterro de um bispo diocesano do que de um imperador romano”. Antes de morrer, o pontífice pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior. Com isso, ele se tornou o primeiro papa desde Leão 12, que morreu em 1903, a ser sepultado fora do Vaticano.
Chegada do caixão
O funeral começou pouco depois das 9h da manhã, no horário local, quando os sinos da Basílica de São Pedro tocaram. Em seguida, o caixão com o corpo do pontífice foi levado à Praça de São Pedro. Antes, os convidados para o funeral tiveram a oportunidade de prestar as últimas homenagens de forma privada, dentro da Basílica de São Pedro.
Nesse momento, o caixão foi colocado em frente ao altar. Foi emtão possível ouvir um enorme aplauso dos mais de 400 mil fiéis presentes no local e em ruas próximas, em todo o Vaticano.
Em cima do caixão modesto que Francisco escolheu para seu enterro, construído em madeira e revestido de zinco, foi colocado, aberto, o “Livro do Evangelho”. O público passou ao silêncio absoluto.
As palavras do cardeal
O funeral foi conduzido pelo decano do Colégio Cardinalício, o cardeal Giovanni Battista Re, italiano e de 91 anos. Ele foi ordenado pela Diocese de Brescia em 1957 e proclamado cardeal o papa João Paulo 2° em 2002, sendo eleito decano do Colégio Cardinalício em 2020 (o papa Francisco estendeu o mandato de Battista Re em fevereiro passado).
Giovanni participou dos conclaves de abril de 2005, que elegeu o papa Bento 16, e de março de 2013, que elegeu o papa Francisco. O cardeal prestou homenagem à “liderança pastoral” de Francisco, “mantida por meio de sua personalidade resoluta, entre o povo, de coração aberto a todos e mente atenta aos sinais dos tempos”.
Procissão inédita
No final da cerimônia, o cardeal Giovanni Battista Re abençoou o caixão do papa com água benta, antes de queimar incenso em um turíbulo — um símbolo de purificação. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram três vezes — pontualmente ao meio-dia, horário local — após a bênção do caixão. O silêncio nesse momento foi total, exceto por um helicóptero que sobrevoava a região.
Carregadores levantaram o caixão para ser levado, de forma inédita, em procissão até a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. O transporte contou com uma espécie de “papamóvel” adaptado.
Francisco foi o primeiro papa em mais de um século a não ser sepultado no Vaticano, na cripta da Basílica de São Pedro. Ele havia escolhido essa outra igreja, perto de sua imagem favorita da Virgem Maria.
Sepultamento fora do Vaticano
Francisco foi o primeiro papa desde Leão 12, que morreu em 1903, a ser sepultado fora do Vaticano. Ele também pediu para ser sepultado em um caixão simples de madeira, ao contrário de seus antecessores, que foram enterrados nos tradicionais caixões de três compartimentos, feitos de cipreste, chumbo e carvalho.
Em um comunicado, o Vaticano informou que o “sepultamento foi um evento privado, permitindo que as pessoas mais próximas a ele prestassem suas homenagens”.
De acordo com a Igreja, o caixão de Francisco foi sepultado “na nave lateral da Basílica de Santa Maria Maior, entre a Capela Paulina, onde se encontra seu amado ícone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani, e a Capela Sforza”.
O rito fúnebre do Papa foi precedido pelo canto de quatro salmos antes da oração final. Seu caixão foi colocado no túmulo e aspergido com água benta enquanto o Regina Caeli, uma oração geralmente cantada para expressar alegria na Páscoa, era entoada.
O Vaticano acrescentou que houve uma “formalidade final”, enquanto o notário lia a ata que certificava o sepultamento aos presentes. Concluído o funeral, a cúpula da Igreja Católica agora se volta para a escolha de seu novo líder, por meio de uma eleição interna conhecida como “conclave”.