Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de outubro de 2025
Uma nova diretriz sobre hipertensão foi divulgada no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia: valores de 12×8 a 13,9×8,9 deixam de ser apenas “normais limítrofes” e passam a ser considerados pré-hipertensão. A novidade aponta para um norte: a importância da prevenção e da mudança de hábitos para reverter a condição e proteger o coração.
De acordo com especialistas, ajustes no estilo de vida podem normalizar a pressão sem a necessidade de medicamentos. Médica cardiologista e diretora de saúde da Starbem, Thais Moreno afirma que o termo “normal limítrofe” passava a ideia de “algo aceitável, ainda dentro da normalidade”.
A nova diretriz reforça que a pré-hipertensão deve ser vista como um alerta, não como um diagnóstico definitivo. Reconhecer precocemente esse estágio permite agir a tempo, adotando mudanças de estilo de vida que podem normalizar a pressão arterial e reduzir o risco de complicações futuras. Mais do que tratar a hipertensão, o foco agora é a prevenção da saúde do coração para garantir mais qualidade de vida e longevidade.
“Já o conceito de ‘pré-hipertensão’ muda a percepção: mostra que esses valores representam um sinal de alerta precoce, uma fase de risco em que o corpo já está sob maior sobrecarga, aumentando o risco de doenças cardiovasculares”, explica a médica.
Médico cardiologista do Complexo Hospitalar de Bragança Paulista, Jocimar Machado acrescenta que a pré-hipertensão, quando não tratada, aumenta o avanço para a hipertensão e, consequentemente, o paciente entra em risco cardiovascular.
“Há uma maior probabilidade de desenvolver infarto, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca e insuficiência renal. A hipertensão não controlada causa lesões em órgãos vitais e reduz a expectativa de vida”, destaca.
Mudança de hábitos
Nem tudo é resolvido com medicamentos. A pessoa que agora está na classificação de pré-hipertensão com a nova diretriz tem como reverter o quadro com mudanças de hábitos e no estilo de vida.
“Inicialmente, a conduta no tratamento é não medicamentosa, com o objetivo de normalizar os valores da pressão arterial por meio da mudança de hábitos de vida. Isso inclui adotar uma alimentação saudável, reduzir a ingestão de sal, aumentar o consumo de potássio, controlar o peso e manter o índice de massa corporal dentro da faixa adequada, além de praticar exercícios físicos regularmente”, afirma Machado.
Thais também reforça as principais dicas para quem é pré-hipertenso:
Alimentação: reduzir sal, ultraprocessados e álcool e priorizar frutas, legumes, oleaginosas, grãos integrais e proteínas magras;
Atividade física: fazer pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado por semana e fortalecimento muscular;
Sono e estresse: dormir bem e adotar práticas de manejo do estresse (respiração, meditação, lazer);
Peso saudável: até pequenas perdas de peso já reduzem a pressão;
Evitar tabagismo e uso de drogas ilícitas;
Consumo moderado de bebida alcoólica.
A médica cardiologista também explica que a prevenção é principal o pilar na medicina moderna. “É mais efetivo, menos invasivo e mais econômico tratar o risco antes da doença se instalar.”
“A hipertensão é uma doença silenciosa, porque muitas vezes não dá sintomas até causar uma complicação grave. Prevenir significa evitar doenças crônicas e preservar qualidade de vida a longo prazo.”
“Muitos pacientes que estão no início da hipertensão – seja na fase de pré-hipertensão ou no estágio 1 – ainda não apresentam alterações estruturais na circulação. Nesses casos, as medidas não farmacológicas, sem a necessidade imediata de medicamentos, podem ser suficientes para controlar a pressão arterial”, acrescenta Machado.