Sábado, 08 de novembro de 2025

Saiba o que está em jogo na Cúpula do G20 em Bali

Líderes mundiais participam nesta semana da reunião anual das nações do chamado Grupo dos 20 (G20), que reúne as 19 principais economias do mundo e a União Europeia (UE). A cúpula ocorre na ilha indonésia de Bali. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, estão entre os 17 líderes estatais que deverão participar do evento, entre 15 e 16 de novembro. Uma ausência notável é a do presidente russo, Vladimir Putin.

A delegação brasileira na Indonésia é chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, informou o Itamaraty. A comitiva também inclui o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos e dois servidores da Coordenação-Geral de G20, ligada ao ministério. Não foi informado se o presidente Jair Bolsonaro participará da cúpula.

Tendo como pano de fundo a guerra na Ucrânia e as subsequentes sanções ocidentais à Rússia, que não apenas alimentaram os temores de uma recessão global, mas também aprofundaram as divisões existentes entre membros do G20, as expectativas em relação à cúpula são tímidas.

“O verdadeiro desafio deste G20 não é tanto um resultado particular ou um acordo sobre qualquer questão, porque eu não acho que eles chegarão a qualquer consenso como G20, mas se o grupo pode continuar funcionando”, afirma Josh Lipsky, diretor sênior do Centro de Geoeconomia do Atlantic Council.

O G20 foi fundado em 1999 como um grupo de ministros das Finanças. Durante a crise financeira de 2008/2009 se transformou num grupo de líderes estatais para lidar com crises econômicas e desacelerações econômicas. Neste ano, seu membros enfrentaram dificuldades na busca de consensos sobre questões prementes, como a recuperação pós-pandemia e a atual crise energética e alimentar, em meio a profundas fissuras envolvendo a guerra na Ucrânia e as sanções impostas contra a Rússia.

“Se o grupo não pode se unir e funcionar neste momento de dificuldades econômicas reais para as economias avançadas, mercados emergentes e países de baixa renda, então isso coloca fundamentalmente sua eficácia em questão”, diz Lipsky. “Esse é o desafio para o G20: provar que ainda é adequado ao propósito dessas reuniões.”

Putin

Mesmo com a sombra de Putin pairando sobre a reunião deste ano, o presidente russo anunciou que não participará pessoalmente do encontro. Em agosto, após visitar Moscou, o presidente indonésio Joko Widodo, no momento presidente do G20, havia confirmado que o líder russo estaria presente.

Especialistas em relações internacionais acreditavam que Putin usaria a cúpula para mostrar ao seu eleitorado doméstico que ele continua sendo um líder forte, para criar uma barreira entre os apoiadores ocidentais da Ucrânia e mostrar que ele não está isolado internacionalmente.

Alguns analistas dizem agora que Putin não quer se sentar à mesa de reuniões para receber lições de outros líderes mundiais, algo que ele teve que suportar nas cúpulas do G20 em 2014 e 2015, após a anexação da Crimeia pela Rússia.

“Putin provavelmente ficou constrangido pela recente declaração de Xi e do [chanceler federal alemão Olaf] Scholz sobre o uso de armas nucleares. Sem o apoio de Xi, ele não terá outra nação defendendo sua posição”, diz James Carouso, conselheiro sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA. “Além disso, ele seria alvo de críticas por destruir a infraestrutura civil da Ucrânia, o que é um crime de guerra.”

A ausência de Putin poupa a cúpula de um grande desvio de atenção e a ajuda a se concentrar em questões econômicas.

“Eu sei que Jokowi [o presidente indonésio] realmente queria que todos os líderes participassem. Mas, dada a situação, este é um resultado melhor para ele, porque a reunião pode funcionar melhor sem Putin do que com ele presente”, avalia Lipsky.

Biden e Xi

Com Putin ausente, o primeiro encontro cara a cara do presidente dos EUA, Joe Biden, com Xi Jinping, da China, ocorrido nesta segunda-feira (14), à margem da cúpula do G20, está entre os principais destaques do encontro de Bali, em meio a tensões crescentes por causa de Taiwan e questões comerciais entre as duas principais economias do mundo.

“Reabrir esse canal de comunicação direto frente a frente é realmente importante”, observou Lipsky.

O encontro foi marcado por discordância sobre pretensões chinesas sobre Taiwan. Xi disse a Biden que a ilha autogovernada é “a primeira linha vermelha que não pode ser atravessada nas relações China-EUA”. O democrata americano rebateu que se opõe a qualquer mudança no país insular, indicando repetidamente que Washington está pronto a defendê-la por meios militares.

Quanto à invasão russa da Ucrânia, Xi e Biden “reiteraram seu consenso de que uma guerra nuclear não deve ser nunca travada, e não tem como se ganhar, e frisaram sua oposição ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia”, informou o comunicado da Presidência americana.

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