Segunda-feira, 21 de julho de 2025

Saiba por que militantes de Trump promoveram a queima de bonés vermelhos do movimento “Maga”

Alguns apoiadores do presidente americano, Donald Trump, estão descontentes com a forma como o governo tem lidado com os arquivos relacionados ao polêmico caso Jeffrey Epstein, gravando vídeos em que aparecem queimando seus bonés do movimento “Maga” (sigla para o slogan trumpista “Make America Great Again”) e pressionando o governo por mais transparência.

Enquanto isso, Trump, que já criticou seus seguidores e os “estúpidos” republicanos por acreditarem numa “farsa”, não nomeará um novo promotor especial para a investigação, confirmou a Casa Branca nesta quinta-feira, após Maurene Comey, promotora federal de Manhattan, ter sido dispensada da função.

“O presidente não recomendaria um promotor especial no caso Epstein. É assim que ele se sente”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista coletiva nesta quinta.

Comey foi informada de sua dispensa por meio de uma carta que citava o Artigo II da Constituição, que descreve os poderes do presidente, segundo duas fontes ouvidas pelo jornal New York Times. Em memorando enviado a colegas, após a demissão, ela disse que o corte foi “inesperado”, sem justificativa e afirmou temer que a medida semeie o medo naqueles que permanecem na função.

Não há evidências de que a demissão de Comey esteja ligada diretamente ao caso Epstein, embora ela tenha defendido manter os registros confidenciais, prática comum em casos sensíveis. Ainda assim, a demissão levanta suspeitas de que ela possa estar sendo usada como bode expiatório pelo governo, num esforço para conter a polêmica.

Na mesma entrevista coletiva, ao ser questionada sobre qual parte do assunto seria uma “farsa”, nas palavras de Trump, Leavitt, manteve a mesma narrativa do presidente de culpar os democratas por uma suposta “distração”. Na véspera, Trump disse a jornalistas no Salão Oval que “tudo foi uma grande farsa montada pelos democratas”, e que “alguns republicanos estúpidos e tontos caem na armadilha e, assim, tentam fazer o trabalho dos democratas”.

“(A farsa é) O fato de os democratas terem se aproveitado disso agora”, disse Leavitt, acrescentando que o partido controlou a Casa Branca por quatro anos e “não fez absolutamente nada em relação à transparência em relação a Epstein e seus crimes hediondos”.

Trump, lembrou Leavitt, ordenou uma revisão completa do caso Epstein pelo Departamento de Justiça e FBI, liderada pela secretária de Justiça Pam Bondi, o diretor do FBI, Kash Patel, e seu vice, Dan Bongino.

Mas, apesar das promessas do governo Trump de divulgar nomes e provas, o Departamento de Justiça concluiu na semana passada que não há lista de clientes incriminatória, nem evidências suficientes para acusar terceiros, e que novas divulgações não são justificadas. Confirmaram que Epstein se suicidou e disseram que não vão proporcionar mais informação sobre o caso.

Até então, as tentativas do governo Trump de minimizar as críticas não têm surtido efeito, com apoiadores, aliados e figuras de diferentes espectros políticos se voltando contra ele. Alguns trumpistas, inclusive, têm queimado itens de campanha de Trump em protesto.

A pressão aumentou após o presidente da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira), o republicano Mike Johnson, pedir recentemente a divulgação total dos documentos do caso. O ex-vice-presidente Mike Pence também defendeu a liberação dos arquivos, e até mesmo a aliada Laura Loomer pediu a nomeação de um procurador especial.

Segundo um levantamento da Reuters/Ipsos, 69% dos americanos acreditam que o governo Trump está ocultando informações sobre o caso, enquanto apenas 6% discordam e cerca de 25% estão incertos.

Teorias 

Epstein foi encontrado morto em sua cela quando aguardava julgamento em 2019, durante o primeiro mandato de Trump, após ser acusado de abuso e tráfico sexual de jovens e menores de idade. Muitos americanos acreditam que as autoridades ocultam informações para proteger membros da elite ligados a Epstein — inclusive Trump, que nega ter frequentado sua casa nas Ilhas Virgens.

Mas os apelos por mais transparência vão além de divisões políticas. Muitos estão convencidos da existência de uma lista secreta com os nomes dos clientes de Epstein e acredita que o financista foi assassinado como parte de uma conspiração.

Trump, que era próximo de Epstein quando era magnata imobiliário em Nova York — como mostram inúmeros vídeos e fotos — declarou, durante a última campanha presidencial, que se voltasse ao poder não teria “nenhum problema” em divulgar a suposta lista de clientes, embora tenha indicado duvidar de sua existência.

Mas desde que retornou à Casa Branca, parte de seus apoiadores se diz decepcionada por considerar que ele não cumpriu a promessa. Nos últimos dias, Trump alegou — sem apresentar provas — que os arquivos relacionados aos crimes de Epstein teriam sido forjados por James Comey (ex-diretor do FBI e pai da promotora Maurene), além dos ex-presidentes Joe Biden e Barack Obama.

“Eu não entendo por que estariam tão interessados”, disse Trump a repórteres na terça-feira (15). “Ele está morto há muito tempo. Eu realmente não entendo qual é o interesse ou a fascinação.” (Com informações do jornal O Globo)

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