Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de julho de 2025
“Considero um escarrador parte essencial do aparato do quarto.” Foi isso que escreveu, em 1821, o médico francês René Laennec, inventor do estetoscópio, que passava seus dias observando o catarro de seus pacientes. Antes da existência dos raios-x e dos exames de sangue, o catarro era considerado uma ferramenta valiosa para diagnóstico.
Hoje, a maioria de nós não anda por aí com um escarrador. Mas uma pergunta persiste, especialmente no inverno, quando os narizes escorrem e os peitos congestionam:
* Quando estamos com tosse, é melhor cuspir o catarro ou engolir?
Pode parecer um tema esquisito, até um pouco nojento, mas essa é uma pergunta surpreendentemente comum nos consultórios médicos.
* O que é o catarro?
O catarro, também chamado de escarro, é o muco espesso e pegajoso produzido pelos pulmões e pela traqueia. Ele funciona como uma barreira de defesa para protegê-los.
Sua composição principal são as mucinas: proteínas grandes cobertas de açúcar que capturam vírus, bactérias, alérgenos e poeira. Além disso, essas mucinas regulam a inflamação e a resposta imunológica do corpo contra infecções.
É mais comum vermos catarro durante doenças virais no inverno. Mas ele também está presente em condições como asma, alergias, infecções bacterianas (como sinusite), tabagismo ou exposição à poluição do ar.
Na verdade, estamos sempre produzindo catarro: mesmo quando estamos saudáveis. As células dos pulmões secretam muco para manter as superfícies úmidas e prender substâncias irritantes. Quando encontramos algo potencialmente prejudicial, como um vírus ou alérgeno, as células imunológicas identificam a ameaça e liberam sinais que estimulam ainda mais a produção de muco.
Esse muco extra ajuda a capturar o invasor e a expulsá-lo dos pulmões. Pequenos cílios que revestem as vias aéreas varrem o muco até a garganta, onde ele é tossido ou engolido.
Cuspir
Algumas pessoas se sentem melhor ao cuspir o catarro, especialmente quando ele está espesso, pegajoso ou incomodando a garganta.
Cuspir também permite ver o que está sendo expelido. Se houver sangue no catarro, por exemplo, é importante procurar um médico para investigar a possibilidade de doenças mais graves, como tuberculose ou câncer.
Se for cuspir, use um lenço descartável e jogue-o no lixo. Lave as mãos em seguida. Isso reduz o risco de transmissão de infecções por gotículas respiratórias ou superfícies contaminadas.
Por outro lado, cuspir nem sempre é prático ou socialmente aceitável. E, na maioria das infecções virais, isso não acelera a recuperação em relação a engolir o muco. O objetivo é remover o catarro dos pulmões, e isso pode acontecer de qualquer uma das duas formas.
Além disso, crianças pequenas geralmente não conseguem cuspir, pois ainda não têm a coordenação necessária, por isso, engolem normalmente o catarro.
Engolir
Pode não parecer agradável, mas engolir o catarro é um processo natural e inofensivo. Na verdade, fazemos isso com frequência sem perceber.
Os pulmões produzem cerca de 50 mililitros de catarro por dia. Isso passa despercebido porque ele normalmente é fino, mistura-se com a saliva e o engolimos constantemente. Só nos damos conta dele quando engrossa, como ocorre durante infecções virais.
Após engolido, o catarro vai para o estômago, onde o ácido e as enzimas o decompõem: junto com quaisquer germes que ele contenha.
Engolir catarro não “recicla” os germes nem espalha a infecção para outras partes do corpo.
Na verdade, engolir vírus pode até ajudar a fortalecer a imunidade. No intestino, células do sistema imunológico identificam fragmentos do vírus e começam a preparar o organismo para combatê-lo no futuro. Algumas vacinas, como a da pólio oral, funcionam exatamente assim.
* Afinal, o que é melhor?
Cuspir ou engolir o catarro: os dois são seguros. Cuspir pode aliviar o incômodo para algumas pessoas, principalmente quando o catarro é espesso e causa desconforto.
Mas, para a maioria das pessoas saudáveis, não há necessidade de forçar a tosse ou cuspir. Engolir o catarro é totalmente seguro e, no caso das crianças pequenas, é a única opção viável.
No fim das contas, não vai fazer diferença se você cuspir ou engolir o catarro neste inverno. Então escolha o que for mais confortável (e menos nojento) para você.