Terça-feira, 30 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de dezembro de 2025
A delegada de Polícia Federal (PF) Marília Ferreira de Alencar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e seis meses de prisão em regime fechado pela participação na trama golpista. O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva da ré e de outros condenados dos núcleos 2, 3 e 4 em regime domiciliar.
A decisão aconteceu após a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, preso no Paraguai e conduzido para a “Papudinha”, em Brasília (DF).
As prisões preventivas foram determinadas devido ao alto risco de fuga do grupo. Enquanto as condenações não transitam em julgado quando não há mais possibilidade de recorrer o Supremo manterá as prisões em ambiente domiciliar. Mas, após a conclusão dos processos, Marília poderá ser conduzida para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, onde ficará presa a ex-deputada federal Carla Zambelli, caso seja extraditada ao Brasil.
Durante a prisão, foram apreendidos dois passaportes nacionais e a identidade funcional de delegada, que lhe garantia o porte de arma em todo o território nacional. Além de uma pistola, um colete balístico, um distintivo e três computadores. Marília usará tornozeleira eletrônica e está proibida de acessar as redes sociais, de receber visitas e de se comunicar com os condenados pela trama golpista.
Condenação
Durante o período eleitoral em 2022, Marília exercia a função de Diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, chefiado pelo ex-ministro Anderson Torres, preso na “Papudinha”, onde cumpre pena pela participação na tentativa de golpe de Estado.
Quando Torres saiu do Ministério para chefiar a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, levou Marília, que ocupou o cargo de Subsecretária de Inteligência da pasta durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
A Procuradoria-Geral da República a acusou de interferir no segundo turno das eleições em 2022. Ela foi responsável pela elaboração de um boletim de inteligência para coletar dados sobre locais onde o então candidato Lula obteve votação expressiva no primeiro turno, com foco na Região Nordeste.
Esses dados foram utilizados para direcionar operações de fiscalização da PRF em municípios onde o adversário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vencia com mais de 75% dos votos, com o objetivo de dificultar o acesso dos eleitores às urnas.
Ela também foi acusada de omissão durante os atos antidemocráticos que resultaram na depredação na Praça dos Três Poderes. Como Subsecretária de Inteligência, Marília tinha a função de analisar e disseminar informações estratégicas para antecipar riscos.
A PGR aponta que ela teve acesso a relatórios da Agência Brasileira de Inteligência e do Exército que alertavam explicitamente sobre convocações para os aros violentos.
Supremo
A Primeira Turma do Supremo, durante julgamento, chegou à conclusão de que embora ela tenha utilizado o aparato do estado para uso eleitoral da Polícia Rodoviária Federal, os indícios não foram suficientes para condená-la por omissão durante os atos antidemocráticos que aconteceram em Brasília.
Além da inelegibilidade e da suspensão dos direitos políticos, a Turma determinou a perda do cargo de Marília de Alencar da PF, medidas que devem ser cumpridos após o trânsito em julgado. (Com informações da revista Carta Capital)