Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de novembro de 2025
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã dessa terça-feira (18). A prisão ocorre no mesmo dia em que o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial da instituição financeira.
O caso ganha contornos ainda mais intrigantes devido ao anúncio, feito no dia anterior, sobre o interesse do grupo Fictor em adquirir o Banco Master. A empresa via na possível aquisição uma oportunidade de entrada no setor bancário brasileiro, com planos de estabelecer o Banco Fictor utilizando a estrutura já existente do Master.
Operações arriscadas
Vorcaro era conhecido no mercado financeiro por sua gestão arrojada e investimentos de alto risco. O banco atraía recursos oferecendo Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com valores acima do mercado, uma prática que já causava incômodo em parte do setor financeiro.
O interesse pelo Banco Master não é recente. Anteriormente, o Banco de Brasília (BRB) havia demonstrado interesse na aquisição, vendo na carteira mais arriscada do Master um complemento para seus ativos mais tradicionais. O BTG Pactual também havia manifestado interesse em adquirir os ativos de menor risco da instituição.
A liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central pode ter sido motivada por insolvência ou por descumprimento grave das regras do sistema financeiro brasileiro. Com esta decisão, a possível aquisição pelo grupo Fictor fica suspensa, assim como quaisquer outras negociações de compra da instituição.
Outro assunto que deu fama ao Master são os seus CDBs, que eram oferecidos como os mais rentáveis do mercado. Investidores que compraram CDBs do Master terão cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que assegura pagamento de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
Bernardo Pascowitch, CEO da Yubb, afirma que bancos menores possuem um risco de crédito superior ao de bancos maiores, o que os leva a pagar mais na captação.
“As rentabilidades também são frequentemente usadas como estratégia de marketing para captar clientes e abrir contas, ainda que estejam descoladas das médias do mercado”, diz Pascowitch.
De acordo com Vorcaro, a rentabilidade ofertada pelo Master é fruto do desempenho do banco.
Seu nome não reverbera apenas no mercado financeiro. Há um ano, a festa de 15 anos de sua filha virou assunto de rede social com relatos de que a celebração teria custado mais de R$ 15 milhões – com atrações como os DJ Dennis e Alok – e de que o empresário asfaltou uma via pública que dá acesso ao condomínio de luxo onde promoveu a festa, na mansão da família, em Nova Lima (MG).
Além dos negócios do banco, Vorcaro está investindo R$ 300 milhões na SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Atlético-MG, o que lhe rendeu 27% de participação.
O empresário reconhece que existe um burburinho em torno de seu nome e do banco, o que, segundo ele, é o olhar da concorrência, na esteira de seu crescimento.
“Estamos em um mercado concentrado, difícil, simplesmente tentando o nosso lugar ao sol, indo atrás de investidor. Não tem nenhum ato que alguém possa imputar, que tenha sido feito com uma atitude errada.” (Com informações da CNN Brasil e da Folha de S.Paulo)