Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de agosto de 2025
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação do visto americano de Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo brasileiro.
A medida, anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, foi justificada pela participação de ambos na implementação do programa Mais Médicos, entre 2013 e 2018, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Cuba. Os EUA disseram que o programa financiava a ditadura cubana.
“O Departamento de Estado está tomando medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS, cúmplices do esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano. O Mais Médicos foi um golpe diplomático inconcebível de ‘médicos’ estrangeiros”, afirmou o secretário, citando a Organização PanAmericana da Saúde.
Mozart Sales é médico formado pela Universidade de Pernambuco, com residência em Clínica Médica, especialização em Medicina Legal e doutorado em Saúde Integral pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Servidor concursado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz desde 1999, também é médico legista do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco.
Na vida pública, foi vereador do Recife entre 2004 e 2008 e presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal. No governo federal, ocupou cargos como assessor e chefe de gabinete no Ministério da Saúde e, entre 2012 e 2014, foi secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Nesse período, participou da criação do programa Mais Médicos, lançado no governo Dilma Rousseff.
O Departamento de Estado americano alega que Mozart e Alberto Kleiman, então assessor de Assuntos Internacionais da pasta, teriam usado a Opas como intermediária para contratar médicos cubanos “sem seguir requisitos constitucionais brasileiros”, driblando sanções dos EUA a Cuba e repassando ao governo cubano valores devidos aos profissionais. O comunicado afirma que o esquema “enriqueceu o regime cubano” e privou a população de cuidados médicos essenciais.
A decisão integra uma série de medidas recentes do governo Trump contra o Brasil, que incluem um tarifaço sobre produtos brasileiros, sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e revogação de vistos de outros magistrados e autoridades.
Criado em 2013, o programa tinha como objetivo ampliar a presença de médicos em áreas carentes, como periferias e municípios do interior. A participação de Cuba foi encerrada em 2018, durante o governo Jair Bolsonaro, após decisão de Havana. Relançado em 2023, conta atualmente com cerca de 24,7 mil médicos em 4,2 mil municípios.