Sexta-feira, 09 de maio de 2025

Saiba tudo sobre contrato de barriga de aluguel por trás de assassinato bárbaro em Bariloche

Com voz serena, frieza e um espanhol razoavelmente bem falado, o brasileiro Fernando Alves Ferreira, de 26 anos, confessou na sexta-feira (18) um crime que chocou a cidade turística de Bariloche, no Sul da Argentina. Ele deu à polícia uma versão pouco verossímil sobre a morte da também brasileira Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos. Uma mulher com quem vivia e que ele havia contratado para ser barriga de aluguel de seus filhos. Na cena do crime, estavam os gêmeos de 2 anos — fruto do acordo entre eles — e um bebê de um mês, cuja paternidade ainda não foi esclarecida.

Em poucos minutos de um depoimento gravado pelos investigadores, Fernando contou ter atirado nove vezes nas costas de Eduarda, na quarta-feira, quando saíram de carro com as crianças. Ele trabalha no Hotel Llao Llao, um dos mais famosos da cidade. Os dois se conheceram no Brasil e teriam ido para a Argentina juntos, onde Eduarda chegou a ser colega de trabalho dele há alguns anos.

Num primeiro momento, o assassinato ganhou contornos passionais, com a informação de que Eduarda era casada com Fernando. Mas as aparências não condiziam com a realidade. Ela foi contratada por Fernando, que é gay, para gerar os gêmeos. Na época, Fernando era casado com um homem, identificado como Marcelo, que morreu de parada cardiorrespiratória, há sete meses.

Ao ficar viúvo, ele passou a morar com Eduarda, que voltou grávida do Brasil, sob a promessa de que Fernando a ajudaria e talvez até assumisse a criança. A jovem tem família no Rio, e Fernando, que pode ser condenado à prisão perpétua, é de São Paulo.

Ameaças

Ao revelar ser o assassino, em depoimento ao tribunal de Bariloche, Fernando afirmou que se arrependia de ter matado alguém — “claro que sim” — e que sabia do risco de pena máxima. “Não sei se vão me dar cadeia perpétua, mas já não me importa”. Mais surpreendente ainda foi Fernando dizer que matou Eduarda porque ela seria ligada ao narcotráfico e ele estaria sofrendo ameaças, inclusive da vítima.

“Em nenhum momento Eduarda foi submissa. Fiquei viúvo há sete meses, e a violência que sofríamos em nossa casa era constante. Meus filhos sempre foram a prioridade, eles nunca vivenciaram uma situação de agressividade ou violência. Voltar ao Brasil não era uma opção. Eu não fugi porque não quis, eu poderia ter feito isso”, afirmou. “Aqui meus filhos estão protegidos. A família do meu falecido marido mora com eles. Se a Justiça argentina mandar meus filhos para o Brasil, a vida deles estará em risco”, se preocupa.

A audiência foi interrompida três vezes, a pedido dos advogados da defesa, que tentaram convencer Fernando a não se declarar culpado. De acordo com fontes ligadas ao processo, Eduarda seria uma garota de programa e estaria extorquindo dinheiro de Fernando, fazendo ameaças. A tese da defesa será a de que a vítima o teria enlouquecido.

Fernando afirmou ter passado por crises econômicas e psicológicas, sobretudo com a morte recente de Marcelo. Apesar da versão, tudo indica que ele planejou o homicídio e tentou confundir o trabalho da polícia. Foi ele que, horas após a morte de Eduarda, telefonou para a polícia para dizer que estava preocupado com o desaparecimento de sua amiga.

Na confissão, contudo, Fernando nega a premeditação e alega que não teve outra alternativa a não ser matá-la. “Não planejei, mas tinha a opção (de matar Eduarda) porque eu também estava em perigo. Me desculpem, mas minha vida vem primeiro do que a dos demais”, disse.

Fernando foi preso depois que a polícia passou a notar uma série de inconsistências em seu relato. Os promotores o acusam de ter um plano friamente calculado e de, antes do homicídio, ter forjado situações que o ajudariam a acobertar o crime. Na turística cidade argentina, a morte de seu companheiro Marcelo também desperta suspeitas.

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