Sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de setembro de 2025
O recente assassinato de Charlie Kirk, ativista político que ganhou notoriedade ao montar tendas de debate em campi universitários e dialogar, com firmeza e respeito, com aqueles que pensam diferente, provocou uma onda de choque em todo o mundo. O homicídio, por si só, já é repugnante. Mas talvez ainda mais monstruoso seja testemunhar as reações de um número nada desprezível de pessoas que, em vez de lamentar a barbárie, celebram a morte de alguém cujo “crime” foi ousar defender ideias contrárias às delas. Como se não bastasse, em muitos veículos de mídia o adjetivo “extremo” foi aplicado à vítima, mas não ao assassino.
O assassinato de Kirk e a celebração macabra que se seguiu são sintomas de uma doença muito mais profunda e perigosa: a demonização do lado contrário. Em todo o mundo, é preciso reconhecer que a direita tem sido o alvo preferencial desse processo. Donald Trump, comparado a Adolf Hitler, e Jair Bolsonaro, rotulado de “genocida”, ilustram com clareza essa tendência. Não por acaso, ambos sofreram atentados contra suas vidas, em 2024 e 2018, respectivamente. Ademais, eleitores, pensadores e influenciadores de direita são constantemente rotulados de nazistas, fascistas e, é claro, extremistas.
Similarmente, quando Lula venceu as eleições presidenciais de 2022, o que mais se ouviu foi o slogan “o amor venceu”. Porém, se de um lado temos o amor, me parece natural pensar que de outro tenhamos o ódio, o vil e o mal. Uma vez que, direta ou indiretamente, o outro lado é rotulado com adjetivos tão carregados, algumas pessoas podem se sentir mais à vontade para praticar atos violentos. Afinal de contas, que mal haveria, segundo essa lógica, em eliminar um representante daquilo que há de pior na humanidade?
Como agravante, as redes sociais parecem estar acelerando essa intolerância. Com poucos cliques, cada usuário pode excluir, silenciar ou deixar de seguir quem pensa diferente. Assim, formam-se bolhas virtuais que alimentam certezas, reduzem a exposição a ideias divergentes e enfraquecem um dos pilares da democracia: a tolerância.
Tyler Robinson pode ter sido quem apertou o gatilho da arma que matou Kirk, mas, muito antes disso, o ativista já estava condenado por uma cultura de ódio que, travestida de virtude, decidiu que sua existência era intolerável.
Pedro Saraiva, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)