Sexta-feira, 25 de julho de 2025

Sem anistia, bolsonaristas articulam “retaliação” contra os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado

Contrariados com as recentes decisões de não pautar a anistia aos golpistas de 8 de Janeiro e de proibir a realização de reuniões das comissões durante o recesso parlamentar, integrantes da oposição bolsonarista articulam uma reação controversa contra os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP).

Diante do cenário, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro decidiram direcionar esforços contra uma das pautas prioritárias para os comandantes das duas Casas Legislativas: o projeto que prevê o aumento no número de deputados federais, dos atuais 513 para 531.

A proposta, já aprovada pelo Congresso Nacional, foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta (16). Agora, o texto precisa passar por nova análise no Legislativo, onde o veto pode ser mantido ou derrubado.

Embora a rejeição de Lula contrarie os interesses de Motta e Alcolumbre — os principais articuladores da proposta de ampliação das cadeiras —, parlamentares da oposição enxergam na manutenção do veto uma oportunidade de retaliar os presidentes da Câmara e do Senado. Isso mesmo que, paradoxalmente, essa ação acabe favorecendo o governo petista ao manter o status atual de distribuição das vagas.

A movimentação, no entanto, tem potencial para dividir a base da direita. Isso porque o aumento no número de deputados poderia beneficiar estados comandados por governadores alinhados ao bolsonarismo, além de servir para corrigir distorções demográficas na representatividade parlamentar. Ainda assim, há quem defenda, entre os apoiadores de Bolsonaro, que a manutenção do veto seja usada como recado político e instrumento de pressão direta contra os líderes do Congresso.

Na prática, essa estratégia pressionaria especialmente Davi Alcolumbre. O presidente do Senado havia afirmado que, caso Lula se omitisse, ele próprio promulgaria o projeto. Como o presidente vetou, Alcolumbre ficou sem alternativa imediata, e agora precisa articular novamente em meio a um ambiente de tensão. A proposta também beneficiaria aliados seus no Amapá e buscava redistribuir a força política em estados considerados estratégicos.

Caso o veto seja mantido pelo Congresso, o número de deputados continuará em 513. No entanto, a redistribuição das cadeiras entre os estados ainda precisará ocorrer, conforme determinação já feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso poderá significar perdas para Estados como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, o que aumenta a tensão entre as bancadas regionais e pode gerar dificuldades adicionais para Hugo Motta. (Com informações da revista Carta Capital)

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