Domingo, 10 de agosto de 2025

Sem citar Alexandre de Moraes, integrante do governo Trump diz que “um único” ministro do Supremo usurpou poder no Brasil e que “ameaça líderes com prisão”

O número dois do Departamento de Estado americano, Christopher Landau, disse em uma rede social, sem citar o nome do ministro Alexandre de Moraes, que “um único juiz do Supremo Tribunal Federal usurpou o poder” no Brasil.

Em uma publicação em sua conta no X, o vice-secretário do setor, chefiado por Marco Rubio, escreveu que a separação de poderes entre os diferentes ramos do governo é uma “garantia de liberdade”. “Nenhum ramo ou pessoa pode acumular tanto poder se for controlado pelos outros”. Em seguida, Landau sugeriu que a divisão de poderes está ameaçada no Brasil.

“O que está acontecendo agora no Brasil ressalta esse ponto: um único juiz do Supremo Tribunal Federal usurpou o poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes, ou suas famílias, com prisão, detenção ou outras penalidades”, escreveu.

O vice-secretário ainda diz que o país vive uma “situação anômala e sem precedentes” e que o ministro “destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os EUA”.

“Essa pessoa destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os EUA ao, entre outras coisas, tentar aplicar a lei brasileira extraterritorialmente para silenciar indivíduos e empresas em solo americano”, diz a publicação.

“A situação é sem precedentes e anômala precisamente porque essa pessoa veste uma toga judicial: enquanto sempre podemos negociar com líderes dos poderes executivo ou legislativo de um país, não há como negociar com um juiz, que deve manter a pretensão de que todas as suas ações são ditadas pela lei”, continuou.

Mais críticas

Essa não é a primeira vez que Landau faz afirmações do tipo. Na última segunda-feira (4), o vice-secretário afirmou, também numa rede social, que o crime de Jair Bolsonaro teria sido o de criticar o ministro Moraes – que é funcionário público e está sujeito a críticas.

Landau disse que o ministro arrasta o Brasil para uma ditadura judicial.

Em sua atual publicação, Landau ressoou críticas dos apoiadores do ex-presidente, ao escrever que, em uma situação sem precedentes, “um único juiz não eleito assumiu o controle do destino de sua nação”.

“Nos encontramos em um beco sem saída, onde o usurpador se esconde atrás do Estado de Direito e os outros poderes insistem que são impotentes para agir. Se alguém puder pensar em um precedente na história da humanidade em que um único juiz não eleito assumiu o controle do destino de sua nação, por favor, nos informe”, comenta.

Ao encerrar a publicação, Landau escreveu: “Queremos retornar à nossa amizade histórica com a grande nação do Brasil.”

Escalada de críticas

Nesta quinta-feira (7), a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil reproduziu, em suas redes sociais, uma mensagem que critica o ministro Alexandre de Moraes e faz ameaças a seus “aliados”. O post é mais um entre vários publicados nas últimas semanas por autoridades americanas com recados, sanções e ataques.

As publicações com críticas diretas a Moraes se intensificaram a partir do dia 14 de julho, quando autoridades dos EUA passaram a fazer declarações públicas contra o ministro. Desde então, houve uma escalada nos ataques.

Desde o mês passado, autoridades americanas fizeram críticas a Moraes e ao processo que o ex-presidente Bolsonaro enfrenta pela trama golpista. O país aplicou a Lei Magnitsky e impôs sanções a ministros do STF.

Além disso, em uma carta endereçada ao presidente Lula, Trump impôs tarifas de 50% aos produtos brasileiros exportados para os EUA. A mensagem chama o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas” e exigiu que ele fosse interrompido “imediatamente”.

Na última quinta-feira (7), A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou uma nova mensagem em suas redes sociais criticando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A mensagem fazia referência a um post anterior, do subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, que traz conteúdo semelhante. “O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump”, escreveu, em rede social.

O ministro Flávio Dino, no entanto, rebateu a nota dizendo que a soberania nacional é requisito na diplomacia e não é função de embaixada “monitorar” atuação de magistrado.

“Lembro que, à luz do direito internacional, não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum país estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado do Supremo Tribunal Federal, ou de qualquer outro Tribunal brasileiro, deve fazer”, afirmou o ministro.

 

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