Sábado, 22 de novembro de 2025

Sem reestruturação dos Correios, prejuízo da empresa estatal pode chegar a R$ 23 bilhões este ano

Se não houver avanços no plano de reestruturação dos Correios, a estatal poderá fechar o ano com um prejuízo de R$ 23 bilhões. A informação tem por base estimativas internas obtidas pelo jornal “O Globo” e que ampliam uma projeção inicial de rombo em torno de R$ 10 bilhões.

A crise é gerada pela queda de receitas e aumento de custos, além de perda de espaço no mercado de encomendas (51% para 25%). Com a execução do plano, a direção da empresa espera reduzir o déficit em 2026 e retomar a lucratividade no próximo ano.

Os Correios registraram um prejuízo acumulado de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre – desse montante, R$ 26 bilhões dizem respeito apenas ao segundo trimestre (abril a junho), quase cinco vezes o registrado em igual período do ano anterior (R$ 553,1 milhões). O fluxo de caixa mensal é negativo em cerca de R$ 750 milhões.

Na última sexta-feira, a estatal anunciou a aprovação do plano – dois dias antes – pela Diretoria Executiva e pelo Conselho de Administração. Dentre as medidas estão uma operação de crédito de até R$ 20 bilhões, ações para corte de gastos, modernização e readequação do modelo de negócio da empresa, que vive o pior momento de sua história.

A cúpula da empresa espera concluir nos próximos dias as negociações do empréstimo. Diante das altas taxas cobradas pelos bancos em uma primeira rodada de conversas, a empresa mudou a estratégia e agora tenta captar o máximo de recursos com juros mais próximos de 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), teto geralmente considerado em operações com garantia da União.

Suas instâncias de governança esperam ao menos R$ 10 bilhões no curto prazo, para reequilibrar as contas e deflagrar as primeiras medidas de reestruturação. De largada, a empresa quer regularizar pagamentos essenciais, como fornecedores, revisar os maiores contratos e atingir 95% de regularidade nas entregas em 2026. Atualmente, esse percentual está em 92%.

No âmbito de redução estrutural de despesas, as principais metas são um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com adesão de 10 mil funcionários, o repasse de imóveis ociosos (cujo potencial foi revisado para até R$ 1,5 bilhão) e a otimização da rede de atendimento, com redução de até mil pontos deficitários. Prevê, ainda, a redução do déficit do plano de saúde bancado pela empresa para seus servidores.

Depois de estabilizar e reorganizar a casa, a terceira etapa do plano de reestruturação terá como foco o retorno ao crescimento sustentável. Nessa fase, as ações previstas incluem parcerias estratégicas, adoção de tecnologia de ponta e ajustes no modelo de negócio.

Estatal se manifesta

“Os Correios sinalizam ainda a possibilidade de operações de fusões, aquisições e outras reorganizações societárias para fortalecer a competitividade da estatal no médio e longo prazo”, frisou a empresa em comunicado à imprensa.

A mesma nota ressaltou que a universalização do serviço postal (ou seja, a obrigação de fazer entregas de cartas e encomendas em todo território nacional) tem um alto custo – R$ 5,4 bilhões no semestre passado. Mesmo assim, a empresa considera tal atribuição “um compromisso estratégico e social inegociável”. O texto acrescenta:

“Garantir a universalização é essencial para a integração nacional, a comunicação segura e a soberania logística do país. Em diversos países, mecanismos formais de compensação asseguram a universalização, reconhecida como serviço público indispensável. No Brasil, apesar da queda das receitas tradicionais, cenário que ocorre em todo o mundo, os Correios permanecem como o único operador capaz de atender todos os municípios, inclusive regiões remotas onde a presença do Estado é vital”.

A empresa salientou, por fim, que seu conhecimento e capilaridade permitem a execução de operações logísticas importantes ao País. É o caso da entrega de urnas eletrônicas e auxílio em momentos de calamidade como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e, neste mês, o tornado no Paraná. (com informações de O Globo)

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