Segunda-feira, 06 de maio de 2024

Senador afirma que ganhou verba por “gratidão” e depois recua

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) voltou atrás na declaração de que teria recebido R$ 50 milhões em emendas parlamentares como sinal de “gratidão” por ter apoiado a eleição do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 2021. Ele alega ter sido mal interpretado e que não houve negociação de emendas em troca de votos para Pacheco.

Em uma das notas divulgadas à imprensa, o senador disse que, ao usar a palavra “gratidão” na entrevista, quis se referir à possibilidade de assumir a presidência da Comissão de Transparência do Senado, e não ao recebimento de emendas.

“Esclareço que a palavra ‘gratidão’ em nenhum momento se referiu a recurso orçamentário, e sim à possibilidade de Rodrigo Pacheco falar com o líder do meu partido para que eu assumisse a presidência da Comissão de Transparência, que pela proporcionalidade é do meu meu partido. Algo de que abri mão por um colega senador que desejava muito assumir a função”, escreveu o parlamentar.

As emendas a que Marcos do Val se referiu fazem parte do chamado “orçamento secreto”. Emendas desse gênero são liberadas para parlamentares pelo relator do Orçamento, com base em acertos informais dentro do Congresso. São consideradas por especialistas menos transparentes e mais difíceis de rastrear.

Davi Alcolumbre

O senador Marcos do Val disse em um entrevista ter sido informado pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) de que, como demonstração de gratidão de Pacheco, receberia R$ 50 milhões em emendas, mesmo valor que o destinado a líderes partidários.

Ainda segundo o relato de Marcos do Val , a porcentagem da divisão de emendas havia sido definida por Pacheco em reunião com parlamentares.

“Eu não sei qual é a conversa que ele [Pacheco] teve em valores com os outros. Para mim, quem me ligou dizendo foi até o Davi, não foi nem o Rodrigo. E aí [foi] com o Davi que eu perguntei. Eu achei até muito para eu encaminhar para o estado [Espírito Santo], mas como [é] questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: ‘Mas teve algum critério?’ Ele só falou: ‘Aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início’. ‘Ah, tá, entendi.’ Mas ele falou: ‘Só que o Rodrigo te colocou no critério como se você fosse um líder, pela gratidão de você ter ajudado a campanha dele a presidente do Senado’. Eu falei: ‘Poxa, obrigado, não vou negar e vou indicar’, relatou Marcos do Val na entrevista.

Nota do Podemos

Em nota, senadores do Podemos, partido de Marcos do Val, declararam ser contrários ao recebimento de recursos por meio do orçamento secreto. O documento é assinado pelos outros oito senadores da bancada – somente do Val não consta como apoiador do texto.

“Não compactuamos com essa forma de se fazer política. Entendemos que as emendas individuais e de bancada são suficientes. Sempre defendemos o fim das emendas RP-9 [as do chamado ‘orçamento secreto’]”, diz a nota.

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