Quinta-feira, 04 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de setembro de 2025
Na manhã desta quarta-feira (03), o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS) realizou, na Casa da Pampa da Expointer, um seminário que trouxe uma prévia dos debates que serão aprofundados no 28º Painéis da Engenharia, marcado para o dia 25 de setembro, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O tema central é um dos mais urgentes da atualidade: “Agricultura gaúcha no contexto das mudanças climáticas”.
A abertura foi conduzida pelo presidente do Sindicato, Cezar Henrique Ferreira, que destacou a importância da Expointer como vitrine do agronegócio gaúcho e o papel fundamental da engenharia no enfrentamento dos novos cenários climáticos. Segundo ele, os eventos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos anos deixam evidente que a sociedade precisa de planejamento, ciência e tecnologia para conviver com uma realidade climática que já não é mais previsão, mas fato concreto.
“O SENGE tem procurado construir pontes entre pesquisadores, produtores, entidades de classe, poder público e sociedade civil. O futuro da agricultura depende da capacidade que tivermos de transformar conhecimento técnico em políticas públicas consistentes e em práticas sustentáveis aplicadas no campo. Estamos colocando a estrutura do Sindicato a serviço desse debate porque entendemos que o solo, a água e a produção de alimentos são patrimônios coletivos, que garantem soberania e qualidade de vida para as próximas gerações”, afirmou.
O seminário contou com a participação do engenheiro agrônomo Gervasio Paulus, da ASCAR/EMATER-RS e membro do Conselho Técnico Consultivo do Sindicato, e da engenheira química Andréia Loviani Silva, pesquisadora com trajetória na Embrapa Agrobiologia e atualmente vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. O evento foi acompanhado pelos membros da diretoria do SENGE-RS, associados, representantes de entidades e do Poder Público.
Emergência climática
Gervásio Paulo resgatou a trajetória das discussões internacionais sobre o aquecimento global, desde os relatórios do IPCC até os recentes alertas da ONU, ressaltando que o cenário atual já pode ser considerado de emergência climática. Segundo ele, o Rio Grande do Sul é um território especialmente vulnerável, pois convive com extremos cada vez mais frequentes, como estiagens prolongadas, enchentes e tempestades severas. Esses eventos têm impacto direto sobre a agricultura, responsável por grande parte da economia gaúcha.
“Não podemos mais tratar o tema como mudanças climáticas, mas sim como emergência climática. Cabe à engenharia transformar problemas em soluções, buscando alternativas sustentáveis e inovadoras. Precisamos investir em manejo adequado do solo, em práticas de conservação da água, em bioinsumos e em modelos produtivos que sejam capazes de resistir a esses eventos extremos”, destacou Paulo.
Políticas públicas
A pesquisadora Andréia Loviani Silva apresentou dados científicos que comprovam a contribuição da agropecuária para a emissão de gases de efeito estufa, especialmente no setor pecuário. Ela destacou que a ciência brasileira já dispõe de tecnologias para mitigar esses impactos, como sistemas integrados de produção, manejo adequado de dejetos animais, uso de bioinsumos e recuperação de áreas degradadas.
“A Embrapa tem soluções técnicas consolidadas, mas o desafio está em fazer esse conhecimento chegar ao agricultor. É preciso maior articulação entre pesquisa, extensão rural e políticas públicas, de forma que o pequeno produtor também tenha acesso a tecnologias que aumentem sua resiliência frente às mudanças climáticas”, afirmou a pesquisadora.
Painéis da Engenharia
O seminário na Expointer serviu como aquecimento para o 28º Painéis da Engenharia, que o SENGE-RS promoverá no dia 25 de setembro, a partir das 14h, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O evento reunirá especialistas, como o climatologista e glaciologista Francisco Eliseu Aquino (UFRGS), a pesquisadora da Embrapa Walkyria Bueno Scivittaro, a engenheira agrônoma Amanda Martins (UFRGS) e o engenheiro florestal Joe Valle, referência em agricultura regenerativa no Brasil.