Domingo, 28 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de outubro de 2021
No jantar com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), Sergio Moro impôs uma condição para apoiar qualquer projeto ou partido. Disse que só dará suporte a candidatos e legendas que se comprometam em priorizar o combate à corrupção e defender bandeiras como a retomada da prisão após a condenação em segunda instância. O ex-ministro também sinalizou que gostaria de ter o fundador do Novo, João Amoedo, no bloco político que venha a integrar.
Doria, que não tem planos de abrir mão de concorrer à presidência caso vença as prévias tucanas, insistiu que Moro deveria se lançar ao Senado por São Paulo. Essa é a ideia que menos agrada o ex-ministro. O Podemos, que trabalha pela candidatura do ex-juiz, ofereceu a Moro as possibilidades de ele se candidatar à presidência ou ao Senado por São Paulo e Paraná.
No encontro, Mandetta aproveitou para dar um recado a Doria. Disse que aquele que busca apoio precisa estar disposto a apoiar também.
Antes do jantar na casa de um empresário em São Paulo, o ex-ministro se reuniu com lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan dos Santos e Adelaide Oliveira. Na conversa, Moro falou sobre articulações políticas para o ano que vem e sondou a possibilidade de contar com o apoio do grupo.
Também mostrou que quer esperar as prévias tucanas e a formalização do União Brasil, partido que resultará da fusão do DEM e do PSL, para bater o martelo sobre seu futuro na política. A impressão dos integrantes do MBL é que o ex-juiz é candidatíssimo em 2022, seja à presidência ou ao Senado. A preferência do movimento é que ele concorra ao Palácio do Planalto.
Obstáculo
Um dos fatores que podem dificultar a presença de Moro na corrida eleitoral é a fragmentação das pré-candidaturas da chamada terceira via.
Desde o início do ano, o ex-juiz vem dialogando com defensores de uma chapa com perfil de centro, que seja uma alternativa aos nomes de Jair Bolsonaro e Lula (PT). Mas a divisão do grupo já é vista por aliados do ex-ministro como um complicador para sua decisão.
Segundo interlocutores do ex-ministro, a divisão da terceira via é uma das dificuldades para Moro aceitar concorrer. Hoje, o PSDB passa por um processo de intensa disputa interna com a realização de prévias eleitorais, opondo Doria e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
DEM e PSL, que indicavam sua disposição de lançar uma candidatura presidencial, estão em plena fase de fusão no que deverá se transformar no maior partido do Congresso, e isso pode mudar seu peso no debate pela sucessão.
Além disso, outros nomes ainda se colocam como pré-candidatos do grupo, como a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ainda existe a possibilidade real de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), trocar o DEM pelo PSD para entrar na disputa de 2022. Com tantas indefinições, existe a dúvida entre os aliados de Moro se será possível organizar essas forças de centro e centro-direita em torno de um projeto presidencial comum.
Independentemente de ser candidato ou não no próximo ano, Moro não pretende abrir mão de ser uma força influenciadora na campanha, apoiando algum candidato que abrace sua bandeira de combate à corrupção. O ex-juiz tem lamentado publicamente, por exemplo, a possibilidade de o Congresso reduzir o alcance da lei de improbidade administrativa. Assim, se decidir não concorrer ao Planalto, Moro poderá optar pelo alinhamento a um candidato que se posicione contra ações como essa.
Moro decidiu esperar até novembro, quando seu contrato de consultor com a Alvarez & Marsal completará um ano. Ele tem trabalhado como diretor-executivo do escritório da empresa em Washington na área de compliance. Assim, ele decidirá se renovará o contrato ou migrará para a arena eleitoral.