Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025

Sete em cada dez jovens que recebiam o Bolsa Família em 2014 deixaram o programa, mostra estudo

A cada dez jovens que recebiam o Bolsa Família em 2014, sete deixaram de ser beneficiários do programa ao longo da última década. Os números são um retrato da chamada “segunda geração” do Bolsa Família, já que o programa foi criado em 2003.

As informações fazem parte do estudo “Filhos do Bolsa Família: uma análise da última década do programa”, lançado nesta sexta-feira (5) em evento na sede da FGV (Fundação Getulio Vargas), no Rio. O relatório foi produzido pela FGV em parceria com o MDS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome).

A pesquisa identifica se a política de transferência de renda tem sido eficaz em romper ciclos de pobreza entre gerações. Para isso, a taxa de saída de beneficiários do programa é uma espécie de termômetro da eficácia da política pública. Quando alguém deixa o programa num intervalo de dez anos, entende-se que houve um ganho de mobilidade.

A taxa de saída mais elevada foi observada entre os adolescentes. Entre os beneficiários que tinham de 11 a 14 anos em 2014, 68,8% já tinham deixado o programa até outubro deste ano. Na faixa de 15 a 17, o percentual sobe para 71,25%.

Entre os que tinham de seis a dez anos naquela época, 55,19% já não estão mais sob a cobertura do programa. Considerando todas as faixas etárias, incluindo as crianças de zero a dez anos, e aqueles com mais de 18, a taxa média de saída foi de 60,7%.

Entre os jovens que tinham de 15 a 17 anos em 2014 (ou seja, já estavam em idade que poderiam trabalhar por certo período, além de estudar), mais da metade (52,67%) estava fora do CadÚnico em 2025. Em 2023, 28,4% deles tinham emprego formal.

“Estamos numa situação bem diferente do que tínhamos há dez anos”, avalia Marcelo Neri, diretor da FGV Social, ao ressaltar que os resultados ocorrem num período em que o país registra os menores níveis de pobreza e desigualdade, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para ele, a queda da desigualdade e maior inclusão produtiva, com a ocupação em níveis recordes, podem ajudar a acelerar a mobilidade da próxima geração de beneficiários.

“Em nenhum momento da história brasileira a pobreza esteve tão baixa como agora, assim como a desigualdade. Num país que nunca teve mobilidade social importante – isso levava mais de cem anos -, o estudo traz essa perspectiva geracional”.

O estudo também aponta que, quanto maior é o nível de acesso à educação e formalização do emprego pelos pais que recebem o Bolsa Família, maiores são as chances de mobilidade social dos filhos.

Quando a pessoa de referência da família tem emprego formal, a taxa de saída do programa chega a quase 80%. Quando são conta própria ou são empregados sem carteira assinada, a taxa cai para algo entre 57% e 66%. No caso dos pais sem qualquer tipo de remuneração, o percentual é de 52,4%.

“Não é só questão de estar trabalhando. O tipo de trabalho importa. Se uma pessoa tem carteira assinada, isso é uma espécie de vacina para outras vulnerabilidades”, diz Valdemar Neto, pesquisador da FGV e um dos autores do estudo, ao mencionar que níveis menores de pobreza e melhores condições de moradia também auxiliam na saída dos beneficiários do programa, além de trazer expectativa de maior mobilidade às gerações futuras. (Com informações de O Globo)

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