Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de novembro de 2025
O setor leiteiro da Região Sul do Brasil vive um dos momentos mais delicados da última década. Com a produção em alta e o mercado interno pressionado pela entrada de produtos importados, produtores e entidades representativas alertam para o risco de desestruturação da cadeia produtiva.
Durante reunião da Aliança Láctea, realizada em Florianópolis (SC), lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul reforçaram o pedido de apoio ao governo federal. O secretário executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, destacou que a produção gaúcha cresceu 12% em 2025, enquanto Santa Catarina e Paraná registraram aumento médio de 7%. “Temos que unificar o discurso e pedir para o governo adotar uma política de apoio ao segmento leiteiro. Seguimos lutando por isso. Temos uma superoferta de leite. Só no RS, temos um aumento de 12% neste ano. Precisamos de apoio para manter o setor produtivo e sustentável”, afirmou.
De acordo com o Anuário Leite 2025 da Embrapa Gado de Leite, o Brasil produziu 25,37 bilhões de litros em 2024, um crescimento de 2,38% em relação ao ano anterior.
De janeiro a setembro de 2025, as importações de leite em pó ultrapassaram 133 mil toneladas, principalmente da Argentina e do Uruguai, segundo dados da CNA. A entidade acionou o governo para investigar práticas de dumping, alegando que os preços praticados pelos países vizinhos prejudicam o mercado nacional.
O excesso de oferta e a concorrência externa têm reduzido o preço pago ao produtor, gerando insegurança e desestímulo. Muitos pequenos produtores relatam dificuldades para cobrir custos básicos de produção, como ração e energia. O risco é de fechamento de propriedades familiares, especialmente no interior do RS, onde o leite é a principal fonte de renda.
A reunião em Florianópolis simboliza a tentativa de construir uma agenda unificada para pressionar o governo federal. A meta é equilibrar o mercado interno, proteger os produtores e assegurar que o leite brasileiro continue competitivo. Sem medidas rápidas, o setor alerta para o risco de desestruturação da cadeia produtiva, com impactos sociais e econômicos em centenas de municípios. (por Gisele Flores)