Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de novembro de 2025
Os setores beneficiados pela assinatura do presidente americano, Donald Trump, de decreto retirando a tarifa-base de 10% sobre importação, nessa sexta-feira (14), comemoraram a medida e afirmaram ver a possibilidade de um fim para as turbulências que marcaram as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. Para que esse desfecho seja completo, falta ainda a Casa Branca eliminar a sobretaxa de 40%, de cunho político, dirigida ao governo brasileiro.
O decreto presidencial determina que alguns produtos agropecuários como carne bovina, banana, café e tomate estarão isentos das tarifas “recíprocas” impostas este ano, após analisar questões como a capacidade de produção de certos produtos nos Estados Unidos.
O Brasil é o maior produtor de café do mundo e o maior vendedor para o mercado americano. Mas, com tarifas de 50% (os 10% básicos mais os 40% de sanção política), o produto havia perdido competitividade frente a outros exportadores. Em setembro, no mês seguinte à entrada em vigor do tarifaço, houve uma queda de 52,8% das importações americanas dos cafés do Brasil, em comparação com o mesmo mês de 2024. O impacto mais forte aconteceu com os grãos finos.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, os produtores de café já estariam prontos para retomar os embarques para os EUA.
A Abic entendeu que o novo ato de Trump retira completamente o café, em todas as suas categorias, classificadas sob o código 0901, da aplicação da sobretaxa. “Isso significa que o café verde, o café torrado, torrado e moído, descafeinado e demais variações deixam de estar sujeitos à tarifa recíproca de 10%”, afirma Cardoso, por meio de nota.
“Por outro lado, é importante destacar que essa nova Ordem Executiva não altera a tarifa adicional de 40%, aplicada especificamente aos produtos de origem brasileira por meio de outra medida, baseada na Seção 301 da legislação comercial americana. O ato de hoje trata apenas da tarifa recíproca global, e não da tarifa adicional direcionada ao Brasil”, complementa.
Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), é “muito positiva a decisão dos Estados Unidos de reduzir as tarifas aplicadas à carne bovina brasileira”. “A medida reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países e reconhece a importância da carne do Brasil, marcada pela qualidade, pela regularidade e pela contribuição para a segurança alimentar mundial”, defende a associação por meio de nota. “A redução tarifária devolve previsibilidade ao setor e cria condições mais adequadas para o bom funcionamento do comércio.”
Os Estados Unidos são o segundo maior mercado da carne bovina do Brasil, com peso relevante para todo o fluxo de exportações. “A decisão norte-americana fortalece essa relação e abre espaço para uma retomada mais equilibrada e estável das vendas”, diz o comunicado da Abiec.
Indefinições
Já a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) informou que, apesar de ter recebido “com entusiasmo o anúncio de redução das tarifas para a entrada de frutas brasileiras no mercado norte-americano” e que se trata de “um avanço relevante para o setor”, ainda há preocupações.
A uva, segunda fruta brasileira mais exportada para os Estados Unidos, atrás da manga, ficou de fora da lista. A exclusão ocorre em um momento sensível, segundo a associação, uma vez que, no terceiro trimestre deste ano, as exportações de uva para o país registraram uma queda de 73% em valor e quase 68% em volume em relação ao mesmo período de 2024.
“A Abrafrutas continuará trabalhando para que as negociações avancem e para que as frutas que ficaram de fora, especialmente a uva, possam ser incluídas nas próximas etapas de redução tarifária”, afirmou, por meio de nota.
A associação também comentou que ainda fará uma análise detalhada e criteriosa do documento publicado, “dado que se trata de um material extenso e que requer avaliação aprofundada para que possamos nos manifestar de maneira mais completa e precisa sobre seus impactos e desdobramentos”. (Com informações de O Estado de S. Paulo)