Terça-feira, 25 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 24 de novembro de 2025
A diretora-adjunta da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (SEAPE-DF), Rita de Cássia Gaio Siqueira, é a pessoa cuja voz é ouvida no vídeo gravado pela Polícia Federal em que aborda Jair Bolsonaro sobre a violação da tornozeleira eletrônica por meio de um ferro de solda. Com delicadeza, ela pergunta “que horas o senhor começou a fazer isso, seu Jair?”, diálogo que antecedeu a prisão preventiva do ex-presidente neste sábado. A postura que exibiu na cena é fruto da experiência da trajetória no sistema prisional, marcada por funções técnicas e operacionais, passagens por cargos de chefia e, sobretudo, uma condecoração da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que a homenageou por “ato de bravura” durante os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Rita de Cássia figura entre os policiais penais homenageados em 2023 com votos de louvor e aplausos pela Câmara Legislativa do DF. A moção, de autoria da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), destacou os profissionais da SEAPE que atuaram na Esplanada dos Ministérios para conter a invasão e a depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. O documento ressalta que os policiais “agiram prontamente” e tiveram papel crucial para evitar que os danos se agravassem durante os ataques. Na ocasião, Rita integrou o grupo reconhecido por comprometimento e profissionalismo em meio ao maior ataque às instituições democráticas desde a redemocratização.
O vídeo com Bolsonaro não foi a primeira vez em que Rita lidou com ocorrências envolvendo tornozeleiras eletrônicas. Em 2022, atuando no Centro Integrado de Monitoração Eletrônica da SEAPE, ela emitiu relatório notificando o STF sobre o desligamento completo do equipamento usado pelo então deputado Daniel Silveira, uma falha grave, já que a bateria descarregada impedia a verificação da localização e inviabilizava saber se havia rompimento.
O episódio se tornou parte do histórico que levou Alexandre de Moraes a ordenar a prisão de Silveira no início de 2023. Embora o documento não tenha sido assinado por ela, foi emitido sob sua responsabilidade técnica.
Rita ocupa posições de coordenação e direção na estrutura penitenciária há anos. Em 2015, foi nomeada chefe do Núcleo de Ensino e Aperfeiçoamento Profissional do Centro de Progressão Penitenciária, cargo na Secretaria de Justiça e Cidadania do DF.
Antes de consolidar carreira no sistema carcerário, Rita também atuou no setor privado. Entre 2002 e 2006, foi sócia-administradora da empresa Gaio & Gonçalves Comercial Ltda., especializada em venda de equipamentos e suprimentos de informática, em Brasília. A firma foi encerrada voluntariamente em 2006.
A cena na qual Rita conversa com Bolsonaro sobre o uso de um ferro de solda para tentar violar a tornozeleira ocorreu poucas horas antes da prisão preventiva do ex-presidente, quando a equipe de monitoramento foi até a residência do ex-presidente verificar o equipamento. Bolsonaro admitiu ter usado “ferro quente”, alegando curiosidade. (Com informações do jornal O Globo)