Terça-feira, 14 de outubro de 2025

Simers intensifica alerta sobre crise no Hospital Universitário de Canoas e cobra providências imediatas

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) voltou a manifestar preocupação com o agravamento da situação estrutural e administrativa do Hospital Universitário de Canoas (HU), uma das principais referências em atendimento hospitalar da Região Metropolitana. Em ofícios encaminhados nesta sexta-feira (10) a autoridades estaduais e municipais, o Simers reforça o caráter crítico da crise instalada na instituição e cobra medidas urgentes para garantir a continuidade dos serviços médicos e a segurança dos pacientes.

O documento cita o Plano de Contingência elaborado pela Associação Saúde em Movimento (ASM), gestora do hospital, como reflexo da deterioração das condições operacionais. Embora não esteja diretamente vinculado ao movimento de restrição dos profissionais iniciado em 17 de setembro — motivado por atrasos salariais e falta de insumos — o plano evidencia a necessidade de reorganização emergencial frente à escassez de recursos e à ausência de liderança técnica.

Falta de direção técnica compromete gestão clínica

Um dos pontos centrais da denúncia do Simers é a persistente ausência de um diretor técnico oficialmente nomeado para o HU. A lacuna compromete a governança clínica, dificulta a tomada de decisões e expõe os profissionais a riscos operacionais e jurídicos. O Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) também foi acionado para intervir na situação, com o Sindicato destacando a importância da atuação do órgão diante da implementação do Plano de Contingência.

“A inexistência de uma direção técnica formal compromete a capacidade de resposta da instituição e fragiliza a segurança assistencial. É imprescindível que o Cremers atue para garantir que os protocolos médicos sejam respeitados e que os profissionais tenham respaldo para exercer suas funções com responsabilidade”, afirma o presidente do Simers, Marcelo Matias.

Impacto regional e risco à assistência

O Hospital Universitário de Canoas atende pacientes de mais de 150 municípios e é referência em diversas especialidades, como traumatologia, cirurgia torácica, vascular, clínica médica e pediatria. A crise atual afeta diretamente a população da região, que depende do HU para atendimentos de média e alta complexidade.

Entre os principais problemas relatados estão a dificuldade para fechamento das escalas médicas, falta de insumos básicos, equipamentos obsoletos e atrasos recorrentes nos pagamentos dos profissionais. O Simers alerta que a continuidade desses fatores pode levar à interrupção de serviços essenciais e ao colapso da assistência hospitalar.

“O direito constitucional à saúde está sendo comprometido. O HU não pode operar sem condições mínimas de trabalho, sem insumos e sem liderança técnica. A população está sendo penalizada por uma gestão que não responde à gravidade da situação”, reforça Matias.

Medidas previstas no Plano de Contingência

O Plano de Contingência da ASM prevê uma série de restrições nos atendimentos, com impacto direto na capacidade de resposta do hospital. Entre as medidas estão:

  • Suspensão imediata de atendimentos eletivos e casos de fratura na traumatologia;
  • UTI neonatal restrita a casos oriundos do centro obstétrico do HU;
  • Admissões externas suspensas na UTI adulta;
  • Restrições em especialidades como cirurgia geral, torácica e vascular;
  • Manutenção da escala pediátrica apenas para pacientes já internados, com visitas diárias e procedimentos essenciais;
  • Suspensão da retaguarda de internações na clínica médica, com assistência limitada aos pacientes já hospitalizados.

Pressão institucional e busca por soluções

Os ofícios foram encaminhados ao Ministério Público, ao governador Eduardo Leite, à secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, à presidente da ASM, Ana Cláudia Mendonça Vitti, à superintendente do HU, Vanessa Cardoso, ao prefeito de Canoas, Airton Souza, e à secretária municipal da Saúde, Ana Regina Boll. O Simers solicita providências imediatas e reforça que continuará monitorando a situação, atuando em defesa dos médicos e da população.

“A crise do HU exige ação coordenada e responsabilidade institucional. O Simers está comprometido com a busca por soluções que garantam a dignidade dos profissionais e o acesso da população a uma saúde pública de qualidade”, conclui Matias. (por Gisele Flores)

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