Segunda-feira, 30 de junho de 2025

Sinal de rádio de mais de 13 bilhões de anos traz indícios do surgimento do Universo

Na busca para descobrir como a vida começou, pesquisadores fizeram uma descoberta impressionante ao encontrar um estranho sinal de rádio. O achado pode ajudar estudiosos a investigar como as primeiras estrelas e galáxias do Universo surgiram, evento conhecido pelos estudiosos como “Amanhecer Cósmico”.

“Esta é uma oportunidade única para aprender como a primeira luz do Universo emergiu da escuridão”, disse Anastasia Fialkov, coautora do estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sobre a descoberta. “A transição de um Universo frio e escuro para um cheio de estrelas é uma história que estamos apenas começando a entender”.

Um grupo de astrônomos conseguiu determinar que é possível aprender sobre as massas das primeiras estrelas. O estudo parte da análise de sinais de rádio específicos, criados por átomos de hidrogênio que preenchem as lacunas entre as regiões de formação estelar.

A pesquisa publicada se baseia no “brilho fraco” do sinal “sutil” de 21 centímetros, que data de mais de 13 bilhões de anos — cerca cem milhões de anos após o Big Bang. De acordo com os pesquisadores, o sinal de rádio foi influenciado pela radiação das primeiras estrelas e buracos negros, proporcionando um raro vislumbre da “infância” do Universo.

O sinal de rádio foi captado pelo radiotelescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP), um conjunto de 36 antenas instaladas na Austrália para estudar o céu com amplo campo de visão, grande largura de banda espectral e alta velocidade.

As rajadas rápidas de rádio (FRBs, na sigla em inglês) são explosões brevíssimas de ondas de rádio extremamente intensas. Normalmente, esses sinais vêm de bilhões de anos-luz de distância, de fontes como magnetares, que são estrelas com campos magnéticos fortíssimos. Mas, desta vez, o sinal detectado estava muito mais próximo, a apenas 4.500 km da Terra.

Ao investigar mais a fundo, os cientistas usaram um software chamado Skyfield, junto com dados do ASKAP, para cruzar tempo e localização da rajada com os satélites que orbitam a Terra. Descobriram que o sinal coincidia perfeitamente com a posição do Relay 2, identificado pelo código NORAD 737.

“Somos o primeiro grupo a modelar consistentemente a dependência do sinal de 21 centímetros das massas das primeiras estrelas, incluindo o impacto da luz ultravioleta das estrelas e de raios-x produzidos quando as primeiras estrelas morrem”, acrescentou Anastasia, que também integra o Instituto Kavli de Cosmologia de Cambridge.

Segundo a pesquisadora, a equipe precisou de “um pouco de imaginação” para conectar os dados às “primeiras estrelas”, mas que “as implicações são profundas”.

Eloy de Lera Acedo, coautor do artigo e pesquisador principal do telescópio REACH, explicou ainda que “as previsões que estamos relatando têm enormes implicações para nossa compreensão da natureza das primeiras estrelas do Universo”.

“Mostramos evidências de que nossos radiotelescópios podem nos dar detalhes sobre a massa daquelas primeiras estrelas e como essas primeiras luzes podem ter sido muito diferentes das estrelas de hoje”, afirmou.

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