Terça-feira, 25 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de novembro de 2025
A Prefeitura de Rio Grande, no Sul do Estado, arquivou administrativamente a sindicância que investigava a morte de Joaquim Simch Klinger, de 9 anos, ocorrida em 28 de maio, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Balneário Cassino.
O menino, que tinha asma e havia sido diagnosticado com laringite, chegou caminhando ao atendimento após uma crise respiratória, mas morreu horas depois, em meio a uma série de problemas registrados no prontuário e relatados por profissionais de enfermagem.
Documentos obtidos pela CNN Brasil mostram que o menino deu entrada na UPA por volta das 3h10, com quadro grave de esforço respiratório e baixa saturação. Apesar disso, recebeu oxigênio de baixo fluxo, nebulizações e uma dose de Haloperidol, medicação contraindicada para pacientes com hipoxemia.
Relatos de enfermeiras incluídos no próprio prontuário apontam que, mesmo com piora evidente, houve resistência médica em realizar a intubação, medida recomendada para quadros de falência ventilatória iminente.
“Às 5h, o paciente estava em gasping e Glasgow 3. Questionei sobre intubação diversas vezes, mas os médicos pediram para esperar”, disse, em registro, uma das profissionais que atenderam Joaquim.
Outra anotou que o menino apresentava cianose e sinais de fadiga, mas, ainda assim, a equipe médica optou por postergar o procedimento. Às 6h26, Joaquim entrou em parada cardiorrespiratória. Houve tentativas de reanimação por cerca de 50 minutos, mas o óbito foi declarado às 7h15.
A CNN Brasil apurou que a primeira ambulância enviada ao local não tinha médico, apesar de o paciente já estar em manobras de reanimação havia mais de uma hora. Mensagens e registros incluídos na sindicância mostram que o pedido de leito pediátrico de UTI só foi feito quando o quadro já era crítico e sem chance real de transferência.
A prefeitura chegou a divulgar inicialmente que Joaquim teria H1N1, o que exames laboratoriais descartaram. Uma perícia contratada pela família concluiu que o atendimento contrariou diretrizes reconhecidas, incluindo o PALS (Protocolo pediátrico internacional). Entre as falhas apontadas, estão:
Oxigenação insuficiente;
Intubação tardia e mal executada;
Uso inadequado de Haloperidol;
Atraso no suporte ventilatório avançado;
Falhas técnicas durante a reanimação.
O documento afirma que houve “indícios consistentes de imperícia médica com possível nexo causal com o desfecho fatal”.
Na segunda-feira (24), pais e familiares foram chamados a uma reunião com a prefeita da cidade do Rio Grande, Darlene Pereira, que informou o arquivamento da sindicância interna. Segundo a prefeitura, o encerramento marca apenas o fim da etapa administrativa e não impede responsabilizações futuras.
A defesa do município afirma colaborar integralmente com instâncias superiores. A partir da remessa da sindicância, o caso passa agora a tramitar oficialmente na 1ª Vara Criminal de Rio Grande, onde será analisado pelo promotor Leonardo Giron, responsável pela apuração criminal dos fatos. (Com informações de CNN)