Segunda-feira, 23 de junho de 2025

Sob ameaça de debandada, PDT vive crise de identidade e avalia buscar federação

O PDT enfrenta uma crise de identidade e encolhimento político às vésperas da reorganização para as eleições de 2026. Sob o comando de Carlos Lupi, a sigla deixou de se apresentar como terceira via e pode depender de uma federação para sobreviver eleitoralmente.

A legenda conta hoje com 17 deputados e 3 senadores, mas se prepara para uma debandada. No Ceará, reduto histórico do partido, correligionários avaliam que apenas André Figueiredo deve permanecer. Outros quatro deputados discutem migração para o PSB ou siglas como o União Brasil.

Assim, o foco do PDT passou a ser montar uma chapa competitiva para deputado federal, a fim de evitar ser barrado pela cláusula de desempenho – que exige pelo menos 13 deputados eleitos ou 2,5% dos votos válidos em 9 Estados.

Uma das estratégias para vencer a cláusula seria formar uma federação, mecanismo defendido pelo atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz: “Os partidos grandes e não ameaçados com a cláusula de barreira estão fazendo federação. Como é que nós, pequenos e ameaçados, vamos ignorar?”.

Mas a hipótese enfrenta resistência, com integrantes rejeitando acordos que “poderiam apequenar o partido”, dando como exemplo uma federação com o PSB, considerada inviável também devido ao racha entre os irmãos Ciro e Cid Gomes.

Ao portal  Estadão, o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer, admitiu que a bancada vai perder deputados no Ceará, mas ressaltou que deve atrair novos nomes de outros Estados e projeta um desempenho melhor do que em 2022. “Se lá por outubro ou novembro verificarmos maiores dificuldades poderemos recorrer à federação”, disse.

Deputados que devem seguir no PDT apostam que a formação de federações de outras legendas pode atrair parlamentares insatisfeitos com os acordos locais de suas siglas, reforçando a bancada pedetista.

As divergências na legenda se espalharam por várias frentes, sobretudo após o escândalo da fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que levou Lupi a deixar o Ministério da Previdência. Na Câmara, o líder do PDT anunciou o desembarque da bancada da base do governo Lula, enquanto os senadores seguem apoiando a gestão petista.

O movimento gerou embate entre Heringer, aliado de Ciro, e o deputado Dorinaldo Malafaia (AP), que defendeu a permanência na base, durante reunião em 20 de maio, que marcou a volta de Lupi ao comando partidário.

Na mesma reunião, o líder no Senado, Weverton Rocha, criticou a posição de isenção, afirmando que não é possível ficar sem um lado. Sob condição de anonimato, um deputado afirmou que não há como “votar diferente” do que a sigla tem votado historicamente só para “sinalizar insatisfação com o PT”.

A falta de espaço no governo é uma das queixas mais recorrentes. Pedetistas afirmam que, apesar de ter uma bancada que votava bastante alinhada ao governo, o PDT tem pouca representação na Esplanada.

Atualmente, comanda dois ministérios: Previdência, com Queiroz, uma indicação pessoal de Lula que recebeu críticas de pedetistas, e Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes. Este último, apesar de ser filiado ao PDT, foi indicado pelo União Brasil, por meio de uma costura de Davi Alcolumbre, presidente do Senado.

O desconforto cresceu após a saída de Lupi da Previdência, mesmo com a substituição por Queiroz, seu ex-número 2. A nomeação de Adroaldo da Cunha Portal como secretário-executivo da pasta também gerou incômodo. Pedetistas dizem não se sentir representados.

O PDT ainda enfrenta uma crise interna no Ceará, seu principal reduto eleitoral. A divisão reflete o racha que se acentuou nas eleições de 2022, quando Ciro impôs a candidatura de Roberto Cláudio ao governo, contrariando o grupo de Cid Gomes, que defendia a reeleição de Izolda Cela e a manutenção da aliança com o PT.

O episódio levou ao rompimento da aliança histórica e, posteriormente, à saída de Cid e outros 43 prefeitos, que migraram para o PSB, enfraquecendo a sigla no Estado.

Para estrategistas ligados a Ciro, o PDT passou anos atuando como um “acessório da esquerda” e, com isso, perdeu sua identidade. Eles atribuem a permanência dele no PDT principalmente à amizade com Lupi.

Uma ala defende que Ciro dispute novamente a Presidência, mas parlamentares rejeitam a ideia e o responsabilizam por prejudicar a eleição de deputados em 2022, uma vez que sequer conseguiu se colocar como “terceira via” na corrida presidencial.

Ex-ministro Escândalo do INSS devolveu Carlos Lupi ao comando da sigla e agravou tensão com Lula

Segundo esses parlamentares, o pedetista está “deslocado” e “sem voz” dentro da sigla. Ciro tem mantido conversas com Tasso Jereissati, que articula sua volta ao PSDB, e, no início do mês, se reuniu com lideranças bolsonaristas do PL, União Brasil e Progressistas, sinalizando a construção de uma aliança contra o PT em 2026 no Estado.

Apesar do movimento de Ciro, o PDT é um partido historicamente de esquerda, fundado como herdeiro do trabalhismo. As informações são do portal Estadão.

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