Segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Sob novo comando, os Correios devem reduzir a influência do PT nas áreas de governança e gestão de pessoas

Sob novo comando, os Correios preparam mudanças em diretorias estratégicas que devem reduzir a influência do PT nas áreas de governança e gestão de pessoas, ao mesmo tempo em que preservam cargos ligados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), responsáveis pelos setores de administração e novos negócios.

Até setembro, a estatal era considerada um dos principais redutos petistas dentro do Ministério das Comunicações, pasta sob controle do União Brasil em um arranjo político para ampliar a base do governo Lula. O advogado Fabiano Silva, membro do grupo Prerrogativas, de juristas alinhados à esquerda, deixou a presidência da empresa. Em seu lugar assumiu Emmanoel Rondon, servidor de carreira do Banco do Brasil.

A troca é vista como uma tentativa de colocar à frente da companhia um técnico capaz de conter as perdas acumuladas desde 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro. A mudança, no entanto, reduz o espaço do PT, mas mantém nomes ligados ao Centrão.

Os diretores de Gestão de Pessoas, Getúlio Marques Ferreira, e de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, devem ser substituídos. Ambos têm ligação com o partido de Lula e participaram de gestões petistas. Devem assumir os cargos Luiz Claudio Ligabue, do Banco do Brasil, e Natalia Telles da Motta, diretora da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

Marques Ferreira foi secretário de Educação do Rio Grande do Norte na gestão da governadora Fátima Bezerra e também atuou no Ministério da Educação. Já Picoli Agatte é próxima do presidente do PT, Edinho Silva, e integrou sua equipe quando ele foi prefeito de Araraquara (SP).

Nomes indicados pelo União Brasil devem continuar nos cargos, entre eles os diretores de Negócios, Hilton Cardoso, e de Administração, José Rorício Aguiar. A única mudança efetivada até agora foi na presidência. Nas próximas semanas, Rondon deve iniciar as trocas na diretoria.

O diretor de Operações, Sérgio Kennedy Soares Freitas, indicado pelo Podemos, também deve deixar o cargo. É cotado para substituí-lo José Marco Gomes, ex-superintendente dos Correios em São Paulo durante o governo Bolsonaro.

A estatal acumula prejuízo de R$ 4,37 bilhões nos dois primeiros trimestres de 2025, agravando as perdas registradas desde 2022. O governo negocia com Banco do Brasil, Caixa e instituições privadas um empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia da União, condicionado a medidas de ajuste na gestão.

Integrantes da antiga direção atribuem a piora dos resultados a decisões da equipe econômica, como o fim da primazia dos Correios sobre a importação de remessas e a criação da “taxa das blusinhas”, que impôs imposto de 20% sobre compras de até US$ 50 em sites estrangeiros, antes isentas.

A Fazenda, por outro lado, avalia que os problemas são estruturais e independem da tributação, destacando ineficiências logísticas e alto custo operacional.

Durante o governo Bolsonaro, os Correios registraram lucro nos três primeiros anos, impulsionados pela demanda de entregas durante a pandemia. Em 2022, a empresa voltou ao vermelho após decidir não recorrer de ações trabalhistas, o que exigiu provisionamento de R$ 1 bilhão.

Em 2023, uma instrução da Receita Federal permitiu a transportadoras privadas operar remessas internacionais, encerrando o monopólio de fato que os Correios mantinham nesse mercado. Um ano depois, o Congresso aprovou, com apoio do governo, a taxação de compras de até US$ 50 em sites estrangeiros, medida que buscou equilibrar a concorrência com o varejo nacional, mas também reduziu o volume de encomendas processadas pela estatal.

(Com informações de O Estado de S.Paulo)

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